Primeiras 100 mil vacinas contra mpox doadas pela Comissão Europeia chegam a África

Depois das primeiras doações da Comissão Europeia, deverão chegar outras 100 mil doses já este sábado também à República Democrática do Congo.

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A República Democrática do Congo tem mais de 90% dos casos identificados este ano de mpox Ministério da Saúde da República Democrática do Congo/EPA
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As primeiras 100 mil doses da vacina contra o vírus mpox disponibilizadas pela Comissão Europeia chegaram hoje à República Democrática do Congo, com mais 100 mil previstas para o próximo sábado. São as primeiras de mais de um milhão de doses já prometidas pela Comissão Europeia e por alguns dos seus Estados-Membros.

Em comunicado, a Comissão Europeia anunciou que as primeiras 100 mil doses da vacina contra o mpox chegaram esta quinta-feira e que um carregamento com o mesmo número “é esperado nos próximos dias”. “Estas vacinas fazem parte de 215 mil doses da vacina MVA-BN (…) que a Comissão Europeia adquiriu e se comprometeu a partilhar com os países afectados em África, para ajudar na resposta imediata à epidemia de mpox”, acrescenta a nota.

Em simultâneo estão previstas mais 315 mil vacinas (cada uma dá até cinco doses, perfazendo 1,5 milhões de doses) provenientes de Alemanha, Áustria, Croácia, Espanha, França, Luxemburgo, Malta, Polónia e Portugal, um número que poderá ser superior, com outros Estados-membros que eventualmente queiram participar neste esforço conjunto. Portugal disponibilizará entre 1500 e 2250 doses da vacina, segundo o anúncio do Ministério da Saúde na semana passada. As vacinas serão dadas ao Centro de Prevenção e Controlo de Doenças de África para distribuir pelos principais países mais afectados por este surto.

Na quarta-feira, durante uma audição no Parlamento Europeu, a directora do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) voltou a assegurar que o risco para a população dos países da União Europeia (UE) se mantém baixo. “É preciso clarificar uma coisa, o mpox não é a próxima covid-19”, afirmou Pamela Rendi-Wagner.

Reconhecendo que “o tamanho do surto em África pode ser muito maior”, por falta de informações credíveis, a directora do ECDC sustentou que os vírus da mpox e o SARS-CoV-2 “espalham-se de maneiras diferentes, têm riscos completamente diferentes e também há uma vacina eficaz” para a mpox, algo que não existia para prevenir ou atenuar sintomas da covid-19 em 2020. “Não era esse o caso em 2020 quando começou a pandemia da covid-19”, completou.

A República Democrática do Congo tem mais de 90% dos casos identificados este ano de mpox, a maioria da variante Ia (a que é historicamente mais transmissível e letal). As taxas de mortalidade estimadas para a variante Ia rondam os 5% a 10%. Além desta variante têm sido identificados casos da Ib, uma nova variante da qual ainda existem muitas dúvidas sobre a transmissibilidade e letalidade da mesma. O surto global de 2022 decorreu da infecção com uma outra variante, a IIb, bastante menos letal e transmissível (0,19% de mortalidade)

A também antiga directora-geral de Saúde da Áustria recordou que o único caso registado na Europa da nova variante do vírus da mpox que está a propagar-se em África foi registado em Estocolmo, na Suécia, de uma pessoa que tinha viajado para uma das áreas naquele continente que estavam a ser afectadas pelo surto.

No entanto, esta variante (apelidada de Ib) não é a principal força motriz do surto desencadeado no continente africano nos últimos meses e com epicentro na República Democrática do Congo. A variante mais prevalente é a Ia, conhecida há várias décadas e que é historicamente mais transmissível e mais letal do que a variante IIb que afectou todos os continentes durante o ano de 2022.