Venezuela emite mandado de prisão contra candidato da oposição Edmundo González

Mandado surge depois do candidato da oposição ter recusado prestar declarações na investigação sobre a publicação de resultados que lhe dão a vitória nas eleições presidenciais.

Foto
Edmundo González investigado por ter publicado o que afirma serem 83,5% das actas eleitorais Leonardo Fernandez Viloria / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
03:38

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Um tribunal especializado da Venezuela emitiu um mandado de prisão contra o candidato da oposição nas eleições presidenciais deste ano, Edmundo González, anunciou o Ministério Público venezuelano, que publicou uma imagem do mandado na rede social Instagram.

O tribunal pede a González que se "ponha à disposição do Ministério Público imediatamente", que "deve apresentá-lo a tribunal no prazo de 48 horas".

No mandado, lê-se que Edmundo González está a ser acusado dos crimes de usurpação de funções, falsificação de documentos públicos, instigação à desobediência, conspiração, sabotagem a danos do sistema e o crime de associação. Segundo a Agência Lusa, o mandado foi emitido menos de uma hora depois de ter sido pedido.

O mandado de prisão surge na sequência da falta de comparência do candidato da oposição a uma terceira intimação do Ministério Público para prestar declarações sobre "a publicação e manutenção do sítio web resultadosconvzla.com, pela presumível prática dos crimes de usurpação de funções, falsificação de documentos públicos, instigação à desobediência à lei, crimes informáticos, associação para a prática de crime e conspiração", lê-se no documento de intimação.

O Presidente da Venezeuela, Nicolás Maduro, afirmou num programa de televisão que Edmundo González "pretende estar acima da lei".

"Tem o descaramento de dizer que não reconhece as leis, que não reconhece nada, isso é inadmissível", disse ainda Maduro, acrescentando que "os cidadãos concordam que as leis têm de funcionar e que os funcionários fazem o seu trabalho".

A detenção foi condenada pela Plataforma Unitária Democrática (PUD), coligação da oposição liderada por María Corina Machado e pela qual Edmundo González se candidatou às eleições deste ano.

"Os venezuelanos e o mundo olham com indignação para um regime que não foi capaz de publicar, dentro do prazo legal, nem sequer um único registo oficial para apoiar o resultado fraudulento anunciado pela CNE, mas que é capaz de emitir um mandado de captura em minutos contra o vencedor das eleições presidenciais", afirmou a PUD numa publicação na rede social X.

"Este mandado de captura ilegal contra o presidente eleito pela maioria do povo venezuelano é também contra os mais de 8 milhões de venezuelanos que votaram nele", acrescentam na mesma publicação.

María Corina Machado, na sua conta da rede social X, afirmou que as autoridades "perderam todo o sentido da realidade".

"Ao ameaçar o Presidente eleito, só conseguem aproximar-nos e aumentar o apoio dos venezuelanos e do mundo a Edmundo González", disse a líder da PUD, tendo pedido ainda "serenidade, coragem e firmeza".

O sítio web resultadosconvzla.com, na base da investigação da justiça venezuelana, é a página onde a oposição venezuelana publicou o que afirma serem "83,5% das actas eleitorais", que sustém a afirmação da oposição de que Edmundo González foi o vencedor das eleições presidenciais na Venezuela.

Uruguai junta-se a denúncia contra Maduro no TPI

O Uruguai juntou-se esta segunda-feira a uma denúncia levantada no Tribunal Penal Internacional (TPI) que acusa Nicolás Maduro de crimes contra a humanidade e à qual estão associados seis países: Argentina, Canadá, Colômbia, Chile, Paraguai e Peru.

"A situação que Maduro criou para o seu povo é uma violação sistemática dos direitos humanos. Crimes contra a Humanidade, Maduro é um criminoso e deve ser responsabilizado", escreveu o senador uruguaio Javier García, que apresentou a proposta perante Comissão de Assuntos Internacionais do Congresso do Uruguai e que levou o Governo do país (do mesmo partido que o senador) a juntar-se à denúncia, segundo a Lusa.

"Pouco a pouco a Comunidade Internacional está a fechar todas as brechas a Maduro. Aos olhos da comunidade internacional, o Uruguai volta a ser líder na defesa dos direitos humanos e de uma democracia integral e completa", afirmou ainda o senador no vídeo publicado na rede social X.