A insustentável irrelevância dos factos

Paradoxalmente, talvez o risco da desinformação seja muito menor do que o antecipado nos piores cenários. Porque os factos, reais ou fabricados, acabam por raramente nos fazer mudar de opinião.

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A possibilidade de as modernas tecnologias de informação e, nomeadamente, da inteligência artificial poderem ser usadas para a divulgação de notícias falsas tem sido objecto de grande atenção e de significativa preocupação, sendo geralmente vista como um dos grandes riscos destas tecnologias. Na verdade, esta possibilidade de uma nova tecnologia ser usada para a divulgação de notícias falsas é pelo menos tão antiga como a impressora de tipo móvel que Gutenberg inventou cerca de 1440, e que foi usada de forma intensiva para propagar notícias que tinham como objectivo influenciar os comportamentos, tanto verdadeiras como falsas. Mas, como escreveu o satirista Jonathan Swift, “a mentira voa mas a verdade coxeia” e, em muitos casos, foram as notícias falsas que tiveram o maior impacto. Nos séculos que se seguiram à invenção de Gutenberg, a verificação de fontes era praticamente impossível e o próprio conceito de verdade era muito mais difuso que hoje, mais baseado no argumento da autoridade do que na realidade dos factos, propriamente dita.

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