Greve nos aeroportos com 50% de adesão e sem cancelamentos
ANA apela aos passageiros com voos para este fim-de-semana que, “antes de se dirigirem para os aeroportos, se informem junto das respectivas companhias aéreas sobre a existência de constrangimentos”.
A greve dos trabalhadores da Menzis nos aeroportos teve 50% de adesão esta manhã, sem qualquer voo cancelado, com o sindicato a lamentar que os colaboradores estejam contentes com a sua situação, mas a mostrar-se de "consciência tranquila".
"Nós que trabalhamos aqui todos os dias na operação não temos tempo, normalmente, sequer para ir ao WC a esta hora, está tudo, normalmente, um pandemónio, e hoje está tudo muito calmo. Cerca de 50% das pessoas faltaram e as outras 50% estão a cobrir todas essas", avançou Catarina Silva do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal (Sttamp), em declarações à Lusa.
Os trabalhadores da empresa de assistência em terra convocaram uma greve de dois dias, em protesto pelos salários baixos e pelas sucessivas alterações de horário, segundo um pré-aviso, divulgado pelo sindicato Sttamp.
Em resposta à Lusa, a Menzis Portugal informou que, até às 12h, a adesão à greve tinha "sido baixa, sem impacto significativo nas operações da empresa". A empresa adiantou que não se registaram voos cancelados e que a operação continua a decorrer de forma controlada e sem irregularidade em todos os aeroportos.
De acordo com a dirigente sindical, entre os trabalhadores que não participaram na greve estão, sobretudo, os que têm uma remuneração-base abaixo do salário mínimo. O sindicato não espera assim que a empresa decida dar resposta às reivindicações apresentadas, uma vez que metade dos trabalhadores "deu prova de que está contente com as condições que tem".
Catarina Silva referiu ainda que muitos destes trabalhadores estavam de folga e anteciparam o seu regresso e que a empresa está a disponibilizar, excepcionalmente, snacks para quem decidiu não participar na greve. Ainda assim, ressalvou que o cenário pode mudar durante a tarde, período em que se iniciam novos turnos.
"O plenário foi feito e as explicações foram dadas. Os trabalhadores, para já, estão a mostrar que estão satisfeitos. Pode ser que isto vire, ainda vai entrar gente à tarde. De resto, o sindicato considera-se de consciência plenamente tranquila. Se não aderiram é porque estão contentes e, se estão contentes, não há nada a fazer", rematou.
"Face a esta situação [greve], podem vir a ocorrer constrangimentos na operação, com possível cancelamento de voos por parte das companhias aéreas operadas pela Menzies", disse a ANA, em comunicado. A gestora aeroportuária apelou a "todos os passageiros que tenham voos para as datas referidas que, antes de se dirigirem para os aeroportos, se informem junto das respectivas companhias aéreas sobre a existência de constrangimentos".
Os trabalhadores da empresa de assistência em terra convocaram uma greve de dois dias, em protesto pelos salários baixos, entre outras reivindicações, segundo um pré-aviso, divulgado pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal (Sttamp). No documento, o Sttamp emite um pré-aviso de greve, que abrange todos os aeroportos nacionais, "das 00h do dia 31 de Agosto de 2024 às 24h do dia 1 de Setembro de 2024".
A paralisação foi convocada contra "a existência de vencimentos-base inferiores ao salário mínimo nacional", protestando ainda contra "o recurso sistemático a trabalhadores de empresas de trabalho temporário" e o "trabalho suplementar em incumprimento com os limites legais em vigor".
O sindicato refere ainda as "alterações sucessivas de horários à margem das disposições do acordo de empresa" e "a forma como decorre o programa de saídas voluntárias, sob ameaça de despedimento colectivo numa empresa em que não há pessoas para trabalhar". O Sttamp justificou também a greve com o facto de, "mais uma vez, independentemente do motivo ou da origem que fragiliza a empresa", serem sempre "os trabalhadores a pagar a factura".
A Menzies Aviation Portugal considerou, por sua vez, infundadas e injustas as alegações de salários baixos que motivam a greve. Em comunicado, a britânica Menzies Aviation, que em Junho concluiu a compra de 50,1% da Groundforce Portugal e assumiu o controlo da empresa que tem também a TAP como accionista, lamentou "profundamente que tenha sido marcada uma greve com base em razões distorcidas e infundadas" e em "alegações injustas e falsas feitas pelos promotores da greve, que não reflectem a realidade do acordo de empresa recentemente assinado".
O Tribunal Arbitral decretou serviços mínimos para a greve, incluindo "para todos os voos impostos por situações críticas relativas à segurança de pessoa e bens, incluindo voos-ambulância, movimentos de emergência entendidas como situações declaradas de voo, designadamente por razões de ordem técnica ou meteorológica e outras que, pela sua natureza, torne absolutamente inadiável a assistência ao voo".
Estão também incluídos nos serviços mínimos todos os voos militares, de Estado (nacional ou estrangeiro) e ainda "todos os voos que no momento do início da greve já se encontravam em curso de acordo com o seu planeamento inicial, e cujo destino sejam aeroportos nacionais assistidos pela SPdH".
Foi decretado, ainda, que em ambos os dias, "para os Açores, deve ser assegurada uma prestação de trabalho que garanta a primeira aterragem e descolagem na rota entre o continente e a região, e para a Madeira deve ser garantida igualmente a actividade laboral necessária à primeira aterragem e descolagem entre esta região e o continente, além de dever ser mantida a prestação de trabalho inerente à primeira aterragem e descolagem do voo entre as ilhas, mais especificamente, entre o Funchal e o Porto Santo".