O FC Porto teve uma aula anti-Sporting, mas Otávio faltou
“Dragões” procuraram essencialmente impedir o adversário de criar e tiveram pouca presença ofensiva. Campeão reforça liderança da Liga e descola dos rivais.
Bloquear a largura “leonina” com uma defesa mais larga, tapar a saída a três do Sporting sem queimar os alas e sobrepovoar as zonas entre linhas. No fundo, tirar Quenda, Catamo, Trincão e Pote do jogo. Este era o plano do FC Porto para o clássico deste sábado, ganho pelo Sporting por 2-0.
Os portistas pareceram ter uma boa aula, já que o plano foi mais bloquear o adversário do que fazer por jogar, mas Otávio teve falta a essa aula.
Aos 69 minutos, o central parecia nunca ter visto Gyökeres jogar e apostou no desarme e não na contenção - algo que António Silva já teve oportunidade de “ensinar” a Otamendi na época passada e que poderia servir de “jurisprudência” para os demais. E foi esse erro de Otávio que o obrigou a cometer o penálti que decidiu o jogo.
Pepê muito baixo
A partida em Alvalade teve encaixes tácticos curiosos. O FC Porto surgiu com Pepê e Jaime como avançados interiores do 4x3x3, mas o brasileiro jogou muito baixo, para fazer o encaixe em Quenda.
Isto obrigou Galeno a jogar muito tempo como central pela esquerda, num desenho que era mais um 5x4x1 – ou mesmo um 6x3x1, quando Jaime também encaixava em Catamo.
Algo que permitiu ao FC Porto ter uma defesa muito larga e retirar ao Sporting qualquer possibilidade de explorar os corredores, porque Quenda e Catamo só podiam receber e tocar para trás, pela presença próxima de Pepê e Jaime – ou Martim Fernandes.
O encaixe portista na saída do Sporting com Inácio e Quaresma era feito não por Pepê e Jaime, mas por Nico e Vasco Sousa, algo que obrigou os médios a um desgaste tremendo.
Ofensivamente, o FC Porto batia longo na frente, com Namaso a arrastar um central em apoio frontal e outro jogador a romper pelo espaço deixado livre por esse arrastamento. Mas sem especial sucesso.
Já o Sporting esteve largos minutos sem conseguir jogar e acabou por começar a usar Gyökerespela via individual. O sueco começou a pedir bola nas alas, algo que fazia um dos centrais portistas ir atrás dele quase com referência individual.
Gyökeres à Gyökeres
Foi desta forma que o Sporting criou lances de perigo, sempre com Gyökeres entre Galeno e Otávio ou entre Martim e Zé Pedro. Trincão desperdiçou duas vezes, ambas servidas por Pote depois de movimentos de Gyökeresa deslocar defesas adversários.
Esta forma de estar do FC Porto permitia conter quase sempre os laterais/alas do Sporting, mas tirava Jaime e Pepê do jogo ofensivo - até porque Namaso não é Gyökeres na forma de esticar o jogo, segurar a bola e esperar por apoios.
Houve até uma clara oportunidade de golo “leonina” na qual a equipa portista confiou que Pepê iria fechar em Quenda, mas o brasileiro, sentindo que a equipa precisava de mais, acabou por estar atrasado no labor defensivo e dar espaço a Quenda para um lance posteriormente salvo por Varela.
Com Namaso a pensar como segundo avançado - e não como ponta-de-lança -, o FC Porto também não conseguia esticar-se no campo por essa via.
Aos 69’, o FC Porto estava na frente e uma perda de bola permitiu a Hjulmand esticar o jogo em Gyökeres. Depois, algo ja muito visto. O sueco protegeu a posição e, em um contra um com Otávio, meteu na frente, correu para a área e acabou por ser derrubado para penálti. O central tentou o desarme (um pouco como fez Otamendi na época anterior nos derbies) e falhou. Não “matou” e acabou “morto, quando cometeu penálti. O pontapé foi convertido pelo sueco.
O FC Porto teve pouco para dar depois disso e, apesar de ter elevado o nível de risco, já com Samu e Fran Navarro na frente, Catamo matou o jogo aos 90+3', com um remate de fora da área.