Economia trava no segundo trimestre com desaceleração das exportações

Dados finais do INE confirmam que o Produto Interno Bruto só cresceu 0,1% no segundo trimestre, abaixo dos 0,8% dos primeiros três meses do ano.

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Ruas de Lisboa cheias de turistas estrangeiros Rui Gaudêncio
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A economia portuguesa abrandou no segundo trimestre do ano. Os dados finais do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados esta sexta-feira, confirmam os preliminares: o Produto Interno Bruto cresceu 0,1% entre Abril e Junho, em cadeia, abaixo dos 0,8% do trimestre anterior e dos 0,7% do último trimestre do ano passado. A quebra nas exportações explica esta evolução.

Em comparação com o trimestre homólogo, a economia cresceu 1,5%, um ritmo igual ao do primeiro trimestre e que, a manter-se nos trimestres seguintes, significará que a economia não conseguirá crescer como o Governo assumiu nas suas mais recentes previsões, quando o ministro das Finanças admitiu um crescimento anual de 2% (acima dos iniciais 1,5%, mas em linha com as estimativas do Banco de Portugal e FMI).

Segundo o INE, para o abrandamento em cadeia contribuiu decisivamente a desaceleração das exportações de bens e serviços (onde se contabilizam os gastos que os turistas fazem quando visitam Portugal), que acabaram por neutralizar o crescimento das importações. Já o contributo da procura interna para a evolução da economia passou a positivo no segundo trimestre, na sequência do crescimento do investimento, que compensou alguma desaceleração do consumo privado.

Assim, em comparação com o trimestre anterior, “as exportações totais, em volume, aumentaram 0,2% (1,5% no trimestre anterior), tendo a componente de bens registado uma variação nula, enquanto a de serviços cresceu 0,5% (taxas de 2,5% e -0,3% no primeiro trimestre, respectivamente)”. Já as as importações totais “registaram uma variação em cadeia de 1,0% no segundo trimestre (-0,5% no primeiro trimestre), verificando-se uma diminuição de 0,2% na componente de bens, e um crescimento de 7,2% na componente de serviços (taxas de 1,3% e -8,7% no primeiro trimestre, pela mesma ordem)”.

Ainda na evolução em cadeia, o INE destaca que “as despesas de consumo final das famílias residentes aumentaram 0,2% (menos que os 1,0% no trimestre anterior), observando-se crescimentos de 0,1% da componente de bens não duradouros e serviços (taxa de 1,2% no primeiro trimestre) e de 1,7% da componente de bens duradouros (-1,3% no trimestre precedente)”.​ No investimento, o volume aumentou 1,6% (variação em cadeia de -3,6% no trimestre anterior)​.

Ritmo de 1,5% em termos homólogos

Em termos homólogos, estas tendências também foram observadas pelo INE, ainda que com ligeiras diferenças, para sustentar a evolução de 1,5% verificada no segundo trimestre. A procura externa líquida teve um contributo negativo, interrompendo a série positiva dos últimos dois trimestres, com as exportações a mostrarem o desempenho inferior às importações. A procura interna aumentou impulsionada, em termos homólogos, mas aqui tanto pelo investimento, como pelo consumo privado.

Diz o INE que “as exportações de bens aceleraram, passando de uma variação homóloga de 1,8% no primeiro trimestre para 3,7%”, ao passo que as exportações de serviços registaram um crescimento de 3,4%, abaixo dos 3,5% anteriores. Já "as importações de bens e serviços em volume aumentaram 4,8% em termos homólogos (1,4% no trimestre anterior), com a componente de bens a acelerar para 4,5% (1,5% no trimestre precedente) e a componente de serviços para 6,2% (0,5% no primeiro trimestre)".

No que diz respeito aos gastos das famílias, estes “cresceram 1,5% em termos homólogos no segundo trimestre, após a variação de 0,6% registada no trimestre anterior, verificando-se uma aceleração da componente de bens não duradouros e serviços (de 1,0%, para 1,8% no segundo trimestre) e uma diminuição de 2,0% da componente de bens duradouros (taxa de -2,9% no primeiro trimestre).

Já o investimento em volume "aumentou 4,4% em termos homólogos, após um crescimento de 1,7% no trimestre anterior. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) acelerou, de uma taxa de crescimento de 0,5%, no primeiro trimestre, para 2,8%, enquanto o contributo da Variação de Existências para a variação homóloga do PIB foi +0,3 p.p. no segundo trimestre (+0,2 p.p. no trimestre anterior)".

O INE sublinha que a FBCF em Equipamento de Transporte “cresceu de forma acentuada, passando de uma variação homóloga de -0,7%, no primeiro trimestre, para 21,2%”, enquanto “a FBCF em Outras Máquinas e Equipamentos cresceu 4,2% no segundo trimestre face ao período homólogo (1,4% no trimestre anterior)”, “a FBCF em Construção abrandou ligeiramente para 0,3% (0,7% no primeiro trimestre)” e “a FBCF em Produtos de Propriedade Intelectual registou uma diminuição homóloga de 0,4% no segundo trimestre (-1,2% no trimestre precedente)”.

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