A bordo de um barco passeando pelo Tejo também é possível sambar

Cerca de 200 pessoas embarcam no samba do grupo Pegada Envolvente. Passeio de barco demora mais de quatro horas com música ao vivo e DJ nos intervalos. Última partida será neste domingo.

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A roda de samba da Pegada Envolvente Carolina Rattner
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Sambar viajando pelo Tejo não é um programa trivial. Mas, sim, é possível reunir a música com um visual de tirar o fôlego, partindo da Doca da Rocha do Conde Óbidos. A última viagem, promovida pelo grupo Pegada Envolvente, se dará neste domingo, com início previsto para as 13h.

Há quem venha de longe para fazer o passeio, como o mineiro de Ipatinga João Vítor Pereira, 37 anos. No domingo passado, estava eufórico com a viagem pelo Tejo. Ele se mudou do Brasil para Portugal há sete anos. No momento, está trabalhando na Bélgica, mas a esposa ficou em terras lusitanas.

“Não vinha para Portugal havia três meses", disse ele, antes de o batuque começar. Pereira estava acompanhado da mulher e da sogra e nem o calor de 35 graus diminuía a animação do trio.

O mineiro mostrou-se estar em casa. “Vim da Bélgica para acompanhar os meninos da banda. Tirei dois dias de folga para participar do evento”, contou. “Conheço alguns dos sambistas do grupo. Onde tiver uma roda de samba, estou dentro”, ressaltou.

Ao subir no barco, a primeira coisa que o visitante recebe é uma lata de cerveja, que ajuda a diminuir, pelo menos por um tempinho, a sensação de calor. A música começa antes de o barco zarpar.

No domingo passado, a partida se deu com 45 minutos de atraso, na espera por todos que reservaram um lugar. Mas a demora foi compensada por uma hora a mais de viagem.

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O casal de namorados Mariana Fonseca e Eduardo Silva, ela, portuguesa, ele, brasileiro Carolina Rattner

Ao lado da roda de samba, um casal jovem dançava e namorava — ele com um pouco mais de samba no pé. “Sou viciado em samba. Comecei a pesquisar e descobri o barco”, afirmou o estudante Eduardo Silva, 18, há quatro anos em Portugal.

Ele estava acompanhado da namorada, a portuguesa Mariana Fonseca, 19, estudante de arquitetura paisagística. “Treinava capoeira no mesmo lugar que o Eduardo, na Uniarte, no Campo de Ourique”, disse ela, explicando onde se conheceram.

Brasileiros e portugueses eram maioria no barco. “Conheci o Pegada Envolvente numa feira de beleza. Então, convidei uma amiga para fazermos o passeio”, afirmou a paulista Daiane Gomes, 36, ao lado da portuguesa, Paula António, 53, que acompanhava o ritmo da bateria.

Paula contou que o samba, com pandeiro e cuíca, mexe com ela. “Sou uma portuguesa com alma brasileira. Ainda não fui ao Brasil, mas é o meu sonho”, suspirou.

A cabeleireira Adriana Plácido, 51, disse porque embarcou: “Amo o samba. Minha família tem muitos sambistas”. Ela soube do barco por meio de uma amiga que mora na Holanda. E levou uma portuguesa dos Açores para curtir a batucada

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Eder Júnior, o fundador do Grupo Pegada Envolvente Carolina Rattner

Os sambistas

A viagem de barco é organizada por Eder Júnior, um paulistano do Jaçanã. Neste domingo, 1.º de setembro, será a quinta edição do evento em dois anos, que tem o nome Samba no Mar, apesar de se restringir ao Rio Tejo.

O preço da viagem não é caro. Custa 20 euros (R$ 120) por pessoa, quase o mesmo valor (18 euros, R$ 108) de um passeio tradicional de duas horas pelo rio. A compensação é feita na venda de bebidas — uma cerveja custa 3 euros (R$ 18).

Eder veio para Portugal com outro objetivo: jogar basquete. Esteve seis épocas em vários clubes: Belenenses, Carnide, Nacional de Natação e Salesianos. “Encontrei pessoas que gostam de samba e resolvi formar uma roda. Precisava de alguma coisa que fosse diferente de tudo o que é feito, e veio a ideia de fazer a batucada num barco”, contou.

O caminho foi criar o Pegada Envolvente, uma roda de samba com 12 instrumentistas. O grupo já gravou três vídeos, que estão disponíveis no Youtube: Ao Vivo no Cais do Sodré, E aí? Bora Sambar e Samba em Alto Mar ao vivo.

No intervalo do espetáculo de domingo passado, ele anunciou a filosofia da roda de samba. “Aqui a gente não faz funk, não faz pagode. Faz samba de roda, o samba raiz”, explicou. E apresentou o projeto: "Quando vocês virem nosso nome, associem: é palma de mão, é macumba, é samba de roda. Isso é Pegada Envolvente".

Segundo Eder, o Samba no Mar é só um dos projetos ligados à música. “Vou trazer para Lisboa o Samba na Laje, que será uma roda de samba como tinha em São Paulo. Será numa casa em Sintra, com capacidade para 400 pessoas, onde haverá churrasco, cerveja e música”, adiantou.

Às 18 horas, o barco aportou de novo na Rocha do Conde de Óbidos. A diversão estava escrita no rosto dos passageiros. Para conseguir um bilhete para o último passeio do ano, pode-se ir à página Grupo Pegada Envolvente — Roda de Samba, no Facebook, e grupopegadaenvolvente no Instagram.

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