Maria Luís Albuquerque tem currículo para comissária europeia, diz António Vitorino

O ex-comissário europeu para a Justiça e Assuntos Internos felicitou Maria Luís Albuquerque, mas admitiu que Montenegro poderia ter “sido mais prudente” e “procurado maior consenso em torno do nome”.

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Maria Luís Albuquerque foi ministra das Finanças entre 2013 e 2015, no Governo de Pedro Passos Coelho Daniel Rocha
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O ex-comissário europeu António Vitorino defendeu esta quinta-feira que a ex-ministra Maria Luís Albuquerque tem o currículo e qualidades para desempenhar o cargo de comissária europeia.

"Eu entendo que a doutora Maria Luís Albuquerque tem o currículo e qualidades que lhe permitirão exercer as funções de membro da Comissão Europeia e aproveito para a felicitar pela sua designação e desejar-lhe a melhor das sortes, como acho que todos devemos fazer, porque é uma portuguesa que é chamada a desempenhar um importante cargo internacional", afirmou António Vitorino, em declarações à agência Lusa.

O ex-comissário europeu para a Justiça e Assuntos Internos acrescentou ainda que esta nomeação acontece numa altura em que a Europa está confrontada com muitos desafios "e em que manifestamente é necessário reforçar a unidade e a coesão de todos aqueles que se revêem no projecto europeu".

Antigo ministro e deputado do Partido Socialista, Vitorino observou ainda que teria "sido mais prudente da parte do primeiro-ministro [Luís Montenegro] ter procurado um maior consenso em torno do nome".

"Mas a competência nesta matéria é do primeiro-ministro e ele exerceu-a da forma que entendeu que deveria ter exercido e a partir do momento em que o órgão com legitimidade constitucional, que é o Governo, toma a decisão, é obviamente a posição portuguesa", vincou António Vitorino.

O ex-comissário europeu falava à Lusa em Miranda do Douro, no distrito da Bragança, à margem do "Summer CEmp", a escola de verão da Representação da Comissão Europeia em Portugal, que decorre nesta cidade transmontana até sábado e onde é orador.

Maria Luís Albuquerque, 56 anos, foi ministra de Estado e das Finanças durante o período em que Portugal estava sob assistência financeira da troika, sucedendo a Vítor Gaspar em Julho de 2013 e mantendo-se até final do executivo liderado por Pedro Passos Coelho. No PSD, foi vice-presidente durante a liderança de Passos Coelho e cabeça de lista dos candidatos a deputados pelo PSD em Setúbal em 2011 e 2015.

Actualmente, é membro do Conselho Nacional do PSD — segundo nome da lista da direcção de Luís Montenegro, logo a seguir a Carlos Moedas —, e membro do Conselho de Supervisão da subsidiária europeia da empresa norte-americana Morgan Stanley.

Montenegro elogia "capacidade inquestionável" de Maria Luís Albuquerque

Luís Montenegro também elogiou esta quinta-feira a “capacidade inquestionável” de Maria Luís Albuquerque para ser comissária europeia. “Creio que essa escolha é, do ponto de vista da qualidade e da capacidade da personalidade escolhida, a Dra. Maria Luís Albuquerque, inquestionável”, disse, em declarações aos jornalistas, em Penafiel, distrito do Porto.

"Portugal terá seguramente na Comissão Europeia uma representação que vai honrar o país, mas que vai, sobretudo, contribuir para políticas europeias que sirvam os interesses dos cidadãos europeus”, assinalou.

Questionado sobre as críticas do Partido Socialista à nomeação de Maria Luís Albuquerque, nomeadamente a alegada “falta de sentido de Estado” nesta matéria por parte do Governo, o primeiro-ministro sinalizou que o modelo que conduziu à indicação do anterior comissário português pelo executivo de António Costa “foi muito similar a este”.

Em sentido crítico, acrescentou que, aquando da nomeação do comissário europeu pelo anterior Governo socialista [Elisa Ferreira], foi muito diferente a reacção do maior partido da oposição, à data o PSD.

O PS considerou na quarta-feira que Maria Luís Albuquerque tem um legado de "política de austeridade" e um perfil político distinto das prioridades da União Europeia, criticando a ausência de auscultação aos partidos, que "teria sido democraticamente mais saudável e desejável".

"É um perfil que, no plano técnico, pode eventualmente representar aquilo que o Governo deseja, mas em termos políticos está num campo diametralmente distinto das opções e das prioridades que a União Europeia terá neste momento", disse aos jornalistas o vice-presidente do PS, Pedro Delgado Alves.