Tempo quente, nublado e húmido até sábado no litoral. A culpa é do anticiclone dos Açores
Está sol e calor no Interior, nublado e tempo fresco no litoral. Portugal está sob uma depressão que se cruza com uma massa de ar quente. Situação mantém-se até sábado.
Um jogo de forças atmosféricas vai transformar os últimos dias de Agosto, o mês das tradicionais férias de Verão por excelência, numa pequena introdução ao Outono. De um lado da barricada, uma massa de ar quente vinda do Norte de África está a viajar para Sul e a aumentar as temperaturas no continente europeu. Mas, do outro, o anticiclone dos Açores está a encaminhar nuvens cinzentas e um vento húmido vindos do Atlântico na mesma direcção. No meio está Portugal — e o resultado, que se prolongará pelo menos até sábado, já está à vista quando se sai à rua esta quinta-feira em alguns pontos do litoral continental.
Segundo a meteorologista Patrícia Gomes, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o principal culpado pelo estado do tempo registado esta quinta-feira é o anticiclone dos Açores. Duas coisas estão a acontecer por causa da sua posição e da sua configuração: não só a Península Ibérica está à mercê de uma região de baixas pressões atmosféricas que se prolonga desde o Norte de África até ao continente, como também está a receber vento húmido vindo do Atlântico.
É a receita ideal para o cenário meteorológico que se tem registado em vários pontos do país: nevoeiro durante a manhã no litoral, praias cobertas durante o dia na zona Oeste, nuvens altas ao longo do dia e humidade no ar. Segundo a previsão meteorológica do IPMA, espera-se céu parcialmente nublado e vento moderado nos distritos do litoral entre Braga e o sotavento algarvio. Em Viana do Castelo, nos distritos mais interiores e no barlavento do Algarve, prevê-se céu limpo ou pouco nublado. Não há previsão de chuva nos próximos dias, mas há "condições favoráveis à sua ocorrência", adianta a agência meteorológica.
Mas há outro factor a somar à equação: o anticiclone dos Açores também está a varrer para cima de Portugal uma massa de ar quente vinda de Sul para Norte, polvilhada de poeiras em suspensão do deserto do Sara, que não se dissipará apesar da nebulosidade e da humidade que se abateu sobre algumas regiões do país. E é por isso que, pelo menos até sábado, o tempo em Portugal estará quente, nublado, húmido e até com probabilidade de aguaceiros fracos e trovoada — um panorama que "acontece" e é "perfeitamente normal" em Agosto, assegurou ao PÚBLICO a meteorologista Patrícia Gomes, que não encontrou indicações na previsão dos próximos dias de que um aviso meteorológico poderá estar iminente.
Se está no litoral e não muito longe da praia, sabemos o que lhe está a passar pela cabeça: não é que esteja frio suficiente para substituir o leque por um saco de água quente, mas não é em temperaturas máximas de 24ºC no Porto, 26ºC em Lisboa e 23ºC em Sagres que se pensa quando se está em plenas férias de Verão. Para isso, no entanto, também há uma explicação científica: "Os locais onde está mais nublado não vão receber tanta radiação solar e as temperaturas serão um pouco mais baixas porque a superfície não aquece", explicou Patrícia Gomes. Ainda assim, nada tema: será um tempo cinzento de pouca dura e deverá dar tréguas já no domingo.
A situação meteorológica portuguesa é mais pacífica do que em Espanha, onde a Agência Estatal de Meteorologia (Aemet) emitiu avisos meteorológicos de precipitação num total de 11 comunidades por causa da chuva e da trovoada. A tempestade, que se intensificou ao longo da madrugada e ainda deve piorar nas próximas horas, tem sido acompanhada de granizo e vento. A região mais afectada é "uma larga faixa de Sul a Norte da Península, desde o Estreito até ao leste do Mar Cantábrico", indicou a Aemet. Aragão deve ser a região mais afectada.