As autoridades gregas começaram a recolher centenas de milhares de peixes mortos que foram arrastados para um porto turístico na cidade de Volos, no Leste da Grécia, esta semana. Os peixes terão sido transportados dos seus habitats de água doce durante as inundações de 2023 que assolaram o país.
Os cadáveres de peixes flutuantes criaram um manto prateado ao longo do porto e um mau cheiro que alarmou os residentes e as autoridades, que se apressaram a recolhê-las antes que o odor chegasse aos restaurantes e aos hotéis das redondezas. “Estendem-se por quilómetros”, disse Stelios Limnios, membro do conselho municipal, à Reuters. “Não é apenas ao longo da costa, mas também no centro do golfo”, disse, referindo-se ao golfo que banha Volos, cuja costa está repleta de casas de férias.
Na quarta-feira, barcos de pesca arrastaram redes para recolher o peixe, que foi depois despejado em camiões. Mais de 40 toneladas foram recolhidas nas últimas 24 horas, segundo as autoridades.
O presidente da Câmara de Volos, Achilleas Beos, disse numa conferência de imprensa que o cheiro era insuportável. O autarca culpou o Governo grego por não ter resolvido o problema antes de chegar à sua cidade. O peixe em decomposição poderia criar uma catástrofe ambiental para outras espécies na zona, acrescentou.
Segundo os peritos, o problema foi causado pelas cheias históricas do ano passado que inundaram a planície da Tessália mais a norte, incluindo rios e lagos. Segundo os especialistas, não foi colocada uma rede na foz do rio que conduz a Volos. Quando os peixes chegaram ao mar, a água salgada provavelmente matou-os. “Não fizeram o óbvio, colocar uma rede de protecção”, disse o presidente da Câmara, referindo-se aos serviços públicos. O Ministério do Ambiente não respondeu a um pedido de comentário da Reuters. Os procuradores locais ordenaram uma investigação.
A catástrofe é o mais recente impacto das condições meteorológicas extremas na Grécia, que os cientistas associam às alterações climáticas, incluindo temperaturas mais elevadas e precipitações irregulares, que provocam incêndios florestais e inundações.
Dimosthenis Bakoyiannis, de 33 anos, proprietário de um restaurante de praia a 10 quilómetros de Volos, diz que o seu volume de negócios diminuiu 80% este Verão, uma vez que menos turistas quiseram visitar a região após as inundações. “Fechar a barreira agora não ajuda”, disse. “Agora é demasiado tarde, a época turística já acabou.”