Faro e Funchal estão entre as dez cidades da Europa com melhor qualidade do ar, segundo dados actualizados, publicados nesta quinta-feira, pela Agência Europeia do Ambiente (AEA). Lisboa surge em 38.º lugar e Sintra em 104.º lugar, ambas com qualidade atmosférica aceitável.
A listagem elaborada pela AEA mostra que apenas 13 cidades europeias apresentaram concentrações médias de partículas finas abaixo do nível considerado adequado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que corresponde a cinco microgramas por metro cúbico (m3) de ar. Os cinco centros urbanos menos poluídos são: Uppsala (Suécia, 3,5 microgramas/m3), Umeå (Suécia, 3,6 microgramas/m3), Faro (3,6 microgramas/m3), Reiquiavique (Islândia, 3,9 microgramas/m3) e Oulu (Finlândia, 4 microgramas/m3).
Entre as cinco cidades mais poluídas da Europa, há três italianas: Padova (Itália, 22,7 microgramas/m3), Vicenza (Itália, 23 microgramas/m3), Cremona (Itália, 23,3 microgramas/m3), Nowy Sacz (Polónia, 24 microgramas/m3) e, em último lugar, Slavonski Brod (Croácia, 26,5 microgramas/m3). A icónica Veneza, famosa pelos canais onde circulam gôndolas, apresenta o preocupante valor de 22,6 microgramas/m3.
Nas avaliações homólogas feitas pela AEA em 2020 e 2021, Faro e Funchal ficaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente, sendo ultrapassadas apenas pela cidade sueca de Umeå.
A listagem da qualidade do ar divulgada pela AEA classifica 375 cidades, da mais limpa à mais poluída, com base nos níveis médios de partículas finas (PM2,5), refere uma nota da entidade. As PM2,5 são assim chamadas porque têm um diâmetro inferior a 2,5 micrómetros. Há ainda as PM10, cerca de quatro vezes maiores, que também são nocivas para a saúde humana. Estes poluentes em suspensão no ar resultam de diferentes fontes, mas têm origem, sobretudo, no sector industrial e dos transportes.
Os dados relativos às PM2,5 foram recolhidos em mais de 500 estações de monitorização em locais urbanos dos países membros da AEA em 2022 e 2023. A análise incidiu sobre as PM2,5 porque se trata de um dos poluentes mais nocivos para a saúde populacional. Em 2020, por exemplo, a poluição do ar provocou a morte prematura de pelo menos 238 mil pessoas na União Europeia, de acordo com a AEA.
A União Europeia ambiciona reduzir as mortes prematuras causadas pela poluição atmosférica em pelo menos 55% até 2030. Para o efeito, as instituições europeias chegaram a acordo este ano sobre uma proposta para actualizar as directivas relativas à qualidade do ar.
Um estudo recente mostra que a qualidade do ar que os europeus respiram tem vindo a melhorar ao longo das últimas duas décadas, sobretudo no que toca aos níveis de partículas finas e de dióxido de azoto. Contudo, a qualidade do ar deve ser observada segundo vários parâmetros, sendo o das PM2,5 apenas um deles. As concentrações de ozono, por exemplo, têm vindo a aumentar no no Sul da Europa, incluindo Portugal.