Após atropelamento em Entrecampos, moradores lembram que têm avisado para falta de segurança na zona

Moradores de Entrecampos têm vindo a alertar para a falta de segurança rodoviária e pedonal na zona. Depois do atropelamento desta terça-feira, lamentam que nada se tenha feito após avisos e petição.

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Acidente ocorreu na Avenida das Forças Armadas Daniel Rocha/Arquivo
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Esta terça-feira, uma pessoa morreu atropelada na zona de Entrecampos, em Lisboa, confirmou ao PÚBLICO fonte da PSP, indicando que o acidente ocorreu por volta das 21h12 e que a vítima era um homem de 40 anos que atravessou a via fora da passagem para peões na Avenida das Forças Armadas. Esta situação relembrou a falta de segurança rodoviária e pedonal que tem vindo a ser mencionada por moradores desta zona da cidade, incluindo com uma petição pública que já tem quase 600 assinaturas.

Pedro Franco foi o promotor da petição lançada em Novembro de 2023 no site da Petição Pública “Entrecampos Com Mais Segurança Rodoviária e Pedonal”. O professor e editor vive no cruzamento da Avenida das Forças Armadas com a Avenida 5 de Outubro e apercebeu-se do atropelamento que aconteceu esta terça-feira. Foi por situações como esta que tem vindo a alertar as entidades competentes para os perigos, sobretudo para os peões, nesta área da cidade. Em nome individual, participou em reuniões públicas da Câmara Municipal de Lisboa em 2022 e 2023, bem como na Assembleia Municipal de Lisboa em Dezembro 2023, para onde depois reencaminhou a petição já está ano.

Nesse documento, refere-se que o objectivo da petição é “salvaguardar a segurança rodoviária, sobretudo para o peão, na zona de Entrecampos e mais especificamente na Avenida das Forças Armadas”. Diariamente, de acordo com o documento, passam, em média, 17.000 carros nessa área, dos quais mais de 1000 carros acima de 70 quilómetros por hora. Na Avenida das Forças Armadas, entre 2010 e 2016, ficaram feridas 130 pessoas e morreram quatro vítimas de atropelamento, segundo a Prevenção Rodoviária Portuguesa. “O excesso de tráfego e velocidade descontrolada dos automóveis têm de acabar”, apela-se na petição, que Pedro Franco lançou com o apoio de alguns vizinhos.

Também se considera que um dos grandes problemas é a falta de planeamento urbano, o que acaba por causar “níveis de tráfego incomportáveis para esta zona, muitas vezes descontrolado e letal”. “Entrecampos é uma zona onde milhares de pessoas vivem, trabalham, estudam e circulam diariamente a pé, de bicicleta ou para mudar de transportes públicos”, destaca-se.

Um olhar a sério para o problema

Como tal, são propostas várias medidas para essa zona, tais como: a instalação de radares (por vezes, há apenas um móvel perto da Embaixada dos EUA, indica Pedro Franco); a instalação de lombas ou passeios contínuos para moderar a velocidade dos automóveis, o que foi feito em zonas próximas; o aumento da zona pedonal, para que se evite que os peões circulem na faixa de rodagem; a redução da faixa de rodagem para automóveis; a criação de mais condições para os ciclistas; ou a criação de mais atravessamentos na Avenida das Forças Armadas.

No final do documento da petição, relembra-se que, de acordo com os projectos que são públicos para Entrecampos, a propósito da Operação Integrada, está prevista a redução de uma via na faixa de rodagem na Avenida 5 de Outubro e o aumento da zona pedonal dessa avenida e da das Forças Armadas, o que se considera que “deveria ser o nível mínimo de ambição para uma zona como Entrecampos”. Insta-se ainda que a Câmara de Lisboa reveja as condições de segurança das vias com mais problemas.

Após as suas intervenções e o lançamento da petição, Pedro Franco foi contactado por um assessor de Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), vice-presidente da Câmara de Lisboa, com uma lista de medidas para dar resposta aos seus apelos. Contudo, refere que essas medidas, que incluíam passeios antiderrapantes ou melhorias na sinalização horizontal, não eram uma verdadeira resposta à insegurança rodoviária na zona. Mesmo assim, nem essas propostas avançaram desde então. “É bastante grave que as medidas não tenham avançado”, considera o morador.

“É surpreendente e de lamentar que situações como estas [o atropelamento] voltem a acontecer para que se volte a dar atenção a um problema que acontece nesta zona há anos”, afirma Pedro Franco, voltando a apelar para que se olhe a sério para os perigos nesta área da cidade.

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