Lego aumenta vendas enquanto corta nos combustíveis fósseis

A maior fabricante mundial de brinquedos está a crescer acima do sector enquanto aumenta o investimento na incorporação de plástico sustentável nos seus blocos de construção.

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A Lego atribui parte do crescimento das vendas à parceria com o jogo Fortnite CHRISTOPHER NEUNDORF / EPA
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A dinamarquesa Lego anunciou esta quarta-feira que as receitas do primeiro semestre atingiram valores recorde e que as vendas aumentaram 14%, acima da evolução do sector dos brinquedos, confirmando o seu estatuto como líder mundial deste sector.

Com vendas em 120 países, a Lego registou um crescimento de receitas de 13% até Junho, que totalizaram 31 mil milhões de coroas dinamarquesas, o equivalente a cerca de 4 mil milhões de euros.

O lucro operacional cresceu 26%, para 8,1 mil milhões de coroas dinamarquesas (por volta de mil milhões de euros), “impulsionado por um forte volume de negócios, enquanto as despesas com iniciativas estratégicas aumentaram como planeado no primeiro semestre”, destacou a empresa em comunicado publicado no seu site.

Por iniciativas estratégicas, a Lego refere-se essencialmente à aposta na utilização cada vez maior de resinas plásticas feitas a partir de materiais renováveis ou reciclados, como o óleo alimentar usado, no fabrico dos seus blocos de construção.

De acordo com a edição desta quarta-feira do Financial Times (FT), a Lego está a pagar até mais 60% do que o preço do plástico convencional pela compra destes materiais responsáveis por menores emissões poluentes. A empresa, que foi fundada em 1932, tem como meta abandonar de vez o uso de plástico nos seus brinquedos até 2032 e já testou centenas de materiais para fazer essa mudança.

De acordo com o comunicado da Lego, 30% de toda a resina comprada no primeiro semestre resulta de uma combinação de material fóssil com material sustentável, “o que se traduz numa média estimada de 22% de material proveniente de fontes renováveis e recicladas nas matérias-primas que a empresa utiliza para fabricar as peças Lego” (uma percentagem que compara com a média de 12% de materiais ambientalmente sustentáveis incorporados nos brinquedos em 2023).

“É 40, 50 a 60 por cento mais caro em termos materiais. Não passamos isso para o consumidor. Sai da nossa linha de EBIT [lucro operacional]”, disse o director executivo da Lego, Niels Christiansen, ao FT.

A empresa acredita que esta é uma estratégia que pode “impulsionar o crescimento a curto e longo prazo”, mas que, mesmo trazendo mais custos, tem permitido resultados positivos: nos primeiros seis meses do ano, o lucro líquido da Lego cresceu 16% para 6 mil milhões de coroas (804 milhões de euros).

“Os investimentos na construção de novas fábricas e na expansão das instalações e escritórios continuaram no primeiro semestre”, totalizando cerca de 4,5 mil milhões de coroas (600 milhões de euros), mas permitindo ainda assim a geração de capital liberto num total de três mil milhões de coroas (cerca de 402 milhões de euros).

No comunicado, a empresa revela que abriu um novo centro de distribuição regional europeu na Bélgica e prosseguiu com a construção de duas novas fábricas, no Vietname e na Virgínia, EUA, que deverão abrir em 2025 e 2027, respectivamente.

Além disso, a empresa continuou a expandir a capacidade das fábricas no México, Hungria e China. Durante o primeiro semestre, a Lego também abriu 41 novas lojas, incluindo aquela que é a maior de todo o Sudeste Asiático, em Jacarta (Indonésia).

Segundo o FT, Niels Christiansen acredita que o crescimento da empresa está ligado à parceria com o jogo de vídeo Fortnite e a uma linha de produtos sobre o espaço. Comparando o aumento das vendas a consumidores da Lego, que foi de 14%, em contraciclo com a retracção de 1% do sector dos brinquedos, Christiansen defende que a Lego vive um bom momento a nível mundial.

“A nossa carteira continua a ser relevante para todas as idades e interesses, o que está a gerar uma procura significativa em todos os mercados. Utilizámos a nossa sólida base financeira para aumentar ainda mais as despesas em iniciativas estratégicas que apoiarão o crescimento agora e no futuro, permitindo-nos levar a aprendizagem através da brincadeira a um número ainda maior de crianças”, afirmou Christiansen, citado pelo The Guardian.

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