Rui Moreira assinala mandatos com colecção de mais de 85 mil euros paga pela autarquia

Câmara do Porto lança nesta quarta-feira os primeiros dois de oito livros sobre os 12 anos de governação do autarca, uma colecção coordenada pelo seu chefe de gabinete.

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Primeiro livro é sobre o Teatro Municipal do Porto, o segundo é sobre a Feira do Livro. Adriano Miranda
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Nesta quarta-feira são apresentados os dois primeiros volumes, mas há mais seis livros a caminho. A Câmara Municipal do Porto (CMP) lança assim a colecção “Fazer Cidade”, um conjunto de volumes sobre a governação de Rui Moreira, pelos quais a autarquia pagou mais de 85 mil euros.

De acordo com os documentos de contratação pública consultados pelo PÚBLICO, a autarquia paga 68,4 mil euros à editora Tinta-da-China por serviços de co-edição, produção, distribuição e divulgação das oito obras. Nestes documentos, as referências à colecção que é coordenada pelo chefe de gabinete de Rui Moreira, Vasco Ribeiro, surgem como "Projecto 12 Anos da Governação Autárquica".

Questionado pelo PÚBLICO sobre o montante total gasto com o projecto, o gabinete de imprensa do município responde que, uma vez que “o plano editorial continua em aberto e em progresso”, o orçamento da colecção “ainda não está fechado”.

Aos autores, informa a CMP, o município paga entre dois e três mil euros, dependendo do número de páginas do livro em questão. Ora, somando o valor despendido com edição ao que é pago aos autores (mesmo admitindo que apenas um recebe três mil euros), o total gasto ascende a 85,4 mil euros.

O PÚBLICO perguntou se, sendo os oito livros especificamente sobre os 12 anos de mandato deste presidente, o trabalho não deveria ser pago pelo movimento pelo qual o autarca foi eleito. A CMP respondeu que esta colecção “pretende retratar as principais transformações que o Porto sofreu nos últimos anos, constituindo, com esse propósito, um instrumento da estratégia comunicacional e editorial do Município do Porto”.

No texto introdutório da colecção, lê-se que, após as “profundas transformações urbanas e humanas” dos últimos 10 anos, “reconhecidamente, a cidade apresenta hoje melhor qualidade de vida e mais coesão social”.

Rui Moreira prefacia e é entrevistado em cada um dos dois primeiros volumes (um sobre os 10 anos de “devolução à cidade” do Teatro Municipal do Porto, outro sobre a história da Feira do Livro da cidade, com particular incidência nos últimos 10 anos), que serão apresentados nesta quarta-feira, na Feira do Livro do Porto.

Ainda não foram divulgados os temas dos próximos volumes, mas, de acordo com o processo de contratação pública, haverá ainda livros sobre o Cultura Em Expansão, o Mercado do Bolhão ou o “Centro Histórico do Porto com Presente e Futuro”. O contrato com a editora foi assinado em Dezembro de 2023 e tem um prazo de execução de nove meses.

Já em Fevereiro deste ano, quando se levantavam questões sobre a permanência do autarca na câmara do Porto (o autarca chegou a ser sondado pelo PSD para integrar a sua lista para as eleições para o Parlamento Europeu), o PÚBLICO dava conta de que estaria em marcha a preparação de uma publicação sobre as obras emblemáticas e relevantes da presidência de Rui Moreira. Trata-se de um projecto distinto, esclarece a CMP, mas a iniciativa mantém-se.

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