Dona da Temu desvaloriza 28,5% em bolsa e perde quase 50 mil milhões
Pinduoduo, grupo chinês que detém a plataforma de retalho e é cotado na bolsa de Nova Iorque, alertou ontem os investidores que os recentes níveis de rentabilidade não deverão continuar.
A gigante chinesa do comércio electrónico Pinduoduo (PDD Holdings) caiu 28,51% na bolsa Nasdaq em Nova Iorque na sessão desta segunda-feira, depois da operadora da plataforma internacional Temu ter alertado para uma tendência de queda dos lucros. O Financial Times estima em 55 mil milhões de dólares (49,21 mil milhões de euros ao câmbio actual) a desvalorização da capitalização bolsista resultante da queda dos títulos durante a sessão de ontem.
“Os resultados deste trimestre mostram que o elevado crescimento das receitas não é sustentável e que uma tendência de queda da nossa rendibilidade é inevitável”, disse o co-fundador e presidente do grupo, Lei Chen, numa conferência com analistas.
Embora o volume de negócios da Pinduoduo tenha crescido 86% face ao ano anterior no segundo trimestre, fixando um novo recorde com 97,1 mil milhões de yuan (12,2 mil milhões de euros), o valor ficou abaixo das previsões dos analistas, que era de 99,9 mil milhões de yuan.
Todavia, o resultado líquido superou as expectativas ao atingir 32 mil milhões de yuan (4,02 mil milhões de euros) depois de ter crescido 144%. Os especialistas esperavam que fosse de cerca de 27,5 mil milhões de yuan.
“O crescimento dos lucros nos trimestres anteriores não deve ser utilizado como um guia de longo prazo (...). À medida que entramos numa nova fase de investimento, quero deixar claro aos nossos investidores que o nosso processo terá uma tendência descendente gradual a partir do terceiro trimestre, e que haverá flutuações ou recuperações no curto prazo", disse Lei.
O executivo aludiu ainda às “incertezas consideráveis” derivadas da concorrência cada vez mais intensa e às “rápidas mudanças no ambiente externo”, que se traduzem em que as operações da Pinduoduo “serão cada vez mais afectadas por factores externos ao negócio”.
Na China, a empresa compete com rivais poderosos como a Alibaba ou a JD.com por um crescimento cada vez mais difícil, dada a desaceleração da procura a nível doméstico.
A Temu expandiu rapidamente a sua presença em 75 países, incluindo Portugal, após o seu lançamento em Setembro de 2022 e concorre com rivais chineses como a Shein, TikTok Shop ou a filial internacional da Alibaba, AliExpress, dando-se a conhecer pela oferta de produtos com preços muito baixos.
A Temu enfrenta actualmente o escrutínio das autoridades da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos da América (EUA), que ponderam impor taxas alfandegárias a este tipo de plataformas chinesas que vendem a preços baixos.
“Precisamos de investir pacientemente na saúde da plataforma a longo prazo (...). Manteremos o nosso compromisso com investimentos pacientes, mesmo que os lucros a curto prazo sejam afectados”, observou Lei Chen.