Dos Paralímpicos ao espaço: John McFall lembra “o que as pessoas com deficiências físicas são capazes de fazer”

Em Julho, John McFall foi oficialmente autorizado a tornar-se o primeiro parastronauta do mundo, depois de ter passado por meses de testes rigorosos.

Foto
O parastronauta John McFall Benoit Tessier/REUTERS
Ouça este artigo
00:00
02:52

Os Jogos Paralímpicos de Paris arrancam esta quarta-feira, 28 de Agosto, e contarão com a presença de um adepto especial: falamos do atleta paralímpico britânico John McFall, a primeira pessoa com uma deficiência física a ser autorizada pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) a participar em futuras missões ao espaço.

O cirurgião de 43 anos, que ganhou uma medalha de bronze nos 100 metros nos Jogos Paralímpicos de Pequim em 2008, está em França para apoiar a equipa da Grã-Bretanha nos Jogos de Paris e mostrar como os atletas de alta competição podem ultrapassar barreiras.

“Penso que o desporto tem sido um veículo extremamente poderoso para fazer com que as pessoas apreciem aquilo de que qualquer pessoa é capaz”, disse à Reuters John McFall, acrescentando que o desporto paralímpico é uma plataforma “muito poderosa para ver o que as pessoas com deficiências físicas são capazes de fazer”.

McFall estava de visita à Tailândia aos 19 anos quando teve um acidente de mota que lhe provocou a amputação da perna direita, acabando com as suas esperanças de seguir uma carreira no Exército.

“Passei por alguns momentos difíceis durante esses primeiros tempos, mas, em grande parte por frustração, porque precisava de algo para saciar o apetite que tinha por desafios. E, para mim, a escolha natural era o desporto. Ao desafiar-me fisicamente, sentia-me recompensado e, na verdade, esse foi um veículo muito poderoso para a minha reabilitação”, disse à Reuters.

“Nos oito anos desde que perdi a perna até competir em Pequim, aprendi muito sobre mim próprio: provavelmente o mais importante é que, se me esforçar, posso conseguir o que quiser, na verdade”, concluiu John McFall.

Formação de astronautas

Agora, o atleta paralímpico britânico segue para o seu próximo grande desafio. Há três anos, um colega enviou-lhe um anúncio para candidatos a astronautas, incluindo alguém para participar num estudo europeu sobre a possibilidade de uma pessoa com uma deficiência física se tornar membro de pleno direito da tripulação da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). “Achei que era uma oportunidade tremendamente interessante e emocionante de um ponto de vista pessoal, mas também de um ponto de vista sociológico”, afirmou.

Em Novembro de 2022, a ESA já tinha anunciado John McFall como um dos novos astronautas europeus. E, no mês passado, McFall foi oficialmente autorizado a tornar-se o primeiro parastronauta do mundo, depois de ter passado por meses de testes rigorosos sobre a sua capacidade de efectuar procedimentos de emergência em órbita e a forma como se moveria e estabilizaria em microgravidade.

Os estudos incluíram o impacto na densidade óssea e a forma como o fluido se desloca pelo corpo em microgravidade, afectando potencialmente o ajuste da prótese que tem de continuar a usar na ISS. Segundo revelou a ESA em Julho, os estudos deverão estar concluídos no final deste ano, mas foi já demonstrado que é tecnicamente viável um astronauta com uma deficiência física viajar para o espaço. Falta agora que lhe seja atribuído um voo específico.