Israel bombardeia o Líbano após detectar ataque iminente em grande escala do Hezbollah

Israel declarou o estado de emergência militar e bombardeou alvos do Hezbollah no Líbano para impedir ataque de grande escala do grupo xiita. Estados Unidos dizem-se “prontos para apoiar” Israel.

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Uma imagem mostra fumo e fogo no lado libanês da fronteira com Israel, depois de as forças israelitas terem afirmado que detectaram um ataque iminente do grupo armado Hezbollah Aziz Taher / REUTERS
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Um drone do Hezbollah atravessa o Líbano antes de ser intercetado pelas Forças de Defesa de Israel sobre uma área perto da fronteira entre os dois países ATEF SAFADI / EPA
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O drone foi entretanto intercetado por um caça israelita ATEF SAFADI / EPA
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Um caça israelita ejecta rockets sobre uma área perto da fronteira Líbano-Israel ATEF SAFADI / EPA
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Uma imagem a preto e branco mostra uma explosão e o fumo que se levanta do que os militares israelitas disseram ser um ataque a um alvo militar no sul do Líbano Israel Defense Forces / VIA REUTERS
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Uma imagem mostra fumo e fogo no lado libanês da fronteira com Israel, depois de as forças israelitas terem afirmado que detectaram um ataque iminente do grupo armado Hezbollah Aziz Taher / REUTERS
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O chefe do Estado-Maior israelita, Herzi Halevi, dirige as operações a partir de Telavive Israel Defense Forces / VIA REUTERS

O Hezbollah libanês anunciou ter lançado um ataque em grande escala contra Israel na madrugada deste domingo, em resposta ao ataque israelita que matou um alto comandante militar em Beirute no final de Julho. Em comunicado, o grupo pró-iraniano afirmou ter “lançado um ataque aéreo utilizando um grande número de drones” em território israelita e contra um “alvo militar”. Mas antes mesmo do ataque se materializar Israel declarou estado de emergência e bombardeou alvos no Líbano, num ataque que diz ter sido "preventivo".

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, declarou durante a madrugada o estado de emergência militar. Nas primeiras horas de domingo, o exército israelita disse ter detectado preparativos do Hezbollah para disparar mísseis e rockets contra o território israelita — um ataque que estaria programado para as cinco da manhã. Em resposta, a força aérea israelita bombardeou “alvos terroristas no Líbano”. Mais de 100 caças israelitas participaram numa operação de neutralização dos rockets e drones lançados pelo Hezbollah a partir do Líbano, que seriam "milhares", segundo as Forças de Defesa de Israel.

"Isto faz parte de um ataque mais vasto que foi planeado e conseguimos impedir uma grande parte dele esta manhã", disse também um porta-voz militar israelita, Nadav Shoshani, afirmando que o Hezbollah tinha disparado contra alvos residenciais — e não apenas militares — no norte do país.

Já a agência de notícias libanesa afirma que os alvos israelitas foram sobretudo "áreas florestais e abertas", mas o ministro da Saúde do Líbano, Firass Abiad, anunciou a morte de pelo menos três pessoas. Duas pessoas terão ficado feridas.

Pouco depois, as autoridades israelitas anunciaram restrições em todo o território a norte de Telavive, limitando reuniões a 30 pessoas no exterior e a 300 no interior, além de estabelecerem a proibição de tomar banho em praias próximas da fronteira. Os escritórios e os estabelecimentos de ensino podem continuar a funcionar desde que disponham de um abrigo anti-bombas nas proximidades. O trânsito aéreo no Aeroporto Internacional Ben Gurion foi suspenso por volta das três da manhã, mas foi retomado cerca de quatro mais tarde. Mais de 240 abrigos foram abertos pelo poder local em Telavive, inclusivamente em parques de estacionamento subterrâneos.

As movimentações detectadas pelos israelitas foram confirmadas pelo Hezbollah num comunicado em que o grupo xiita adianta ter iniciado um ataque aéreo, alegadamente com recurso a cerca de 320 rockets, "nas profundezas do território sionista e contra um alvo militar israelita específico que será anunciado mais tarde". Esta tratar-se-á da "primeira fase", dada como concluída "por hoje", da resposta à morte de Fuad Shukar, o mais alto comandante da organização, durante uma investida israelita.

Perante as informações de que Israel se preparava para um ataque preventivo, o Hezbollah assegurou que "a resistência islâmica no Líbano, agora e em momentos como este, está ao mais alto nível de prontidão e manter-se-á firme e à espera de qualquer ofensa ou agressão sionista": "Especialmente se forem feridos civis, o castigo será severo e muito duro”, acrescentou.

Yoav Gallant falou também com o homólogo norte-americano, Lloyd Austin, confirmando que Israel lançou “ataques de precisão” contra o Líbano para impedir uma ameaça iminente ao país. Os Estados Unidos já tomaram uma posição pública, com o Pentágono a anunciar que os norte-americanos estão “prontos para apoiar” a defesa de Israel. “Continuamos a acompanhar de perto a situação e temos sido muito claros ao afirmar que os Estados Unidos estão prontos para apoiar a defesa de Israel”, afirmou em comunicado um porta-voz do Pentágono.

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, já prestou declarações, reforçando que as forças do país detectaram "os preparativos do Hezbollah para atacar Israel": "Juntamente com o ministro da Defesa e o chefe do Estado-Maior, demos instruções às Forças de Defesa de Israel para agirem proactivamente para eliminar a ameaça", disse Netanyahu, citado pela CNN Internacional. O governante diz-se "determinado a fazer tudo para proteger o país" e a "manter uma regra simples": "Quem nos fizer mal, nós fazemos-lhe mal."

Os jornais libaneses dizem que este é "o mais violento" ataque contra o sul do Líbano perpetrado pelos israelitas desde que as tensões no Médio Oriente se voltaram a adensar, em Outubro do ano passado, com o ataque do Hamas em território israelita e a resposta na Palestina levada a cabo pelas forças de Benjamin Netanyahu.

Em reacção aos ataques desta madrugada, várias companhias aéreas estão a suspender os voos para Telavive. São já 19 as companhias aéreas que cancelaram as viagens para a cidade, incluindo a Air France, a Etihad Airways (dos Emirados Árabes Unidos) e a Aegean Airlines (da Grécia). Não há previsões sobre quando é que as empresas voltaram a voar para Telavive.