Este ano há um recorde de interdições nas praias. Mesmo assim, número mantém-se baixo

Nesta sexta-feira, das 642 praias do país, só duas costeiras e três fluviais estão desaconselhadas, indicou a ministra do Ambiente e Energia.

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Ministra do Ambiente indica que, ainda que superiores a outros anos, as interdições "são casos pontuais que são imediatamente detectados" Adelaide Carneiro/Arquivo
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Este está a ser "um ano recorde" em interdições nas praias, "mas os números são muito baixos", assinalou, nesta sexta-feira, a ministra do Ambiente e Energia, reconhecendo que é preciso investir na requalificação do sistema de saneamento básico.

Em declarações aos jornalistas na Praia de São Pedro do Estoril, no concelho de Cascais, distrito de Lisboa, que visitou ao início da tarde, Maria da Graça Carvalho assinalou que, nesta sexta-feira, das 642 praias do país, só duas costeiras e três fluviais estão desaconselhadas: "São casos pontuais que são imediatamente detectados e que são resolvidos em 24 horas", assinalou a ministra, apontando "origens diversas".

No caso recente registado no concelho de Cascais, na Praia das Moitas, a situação "deverá ter sido provocada" – ainda sem "absoluta certeza" – por "uma quantidade anormal" de "algas estranhas", apontou. Já no caso do Algarve, onde há uns dias foram interditadas praias de Quarteira e Vilamoura, tal ficou a dever-se a "uma avaria numa estação elevatória", referiu. "Foi uma coisa muito rápida e passadas 24 horas já estavam aconselhados os banhos outra vez", recordou a ministra, destacando o "grande esforço" de monitorização da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

Maria da Graça Carvalho fez questão de assinalar que se "está desaconselhado [é] porque alguém está a medir". "Há muita gente a trabalhar para que se possa vir à praia em segurança e com uma total protecção da saúde pública", frisou, admitindo que há melhorias a fazer, nomeadamente na monitorização online, de forma a não desfasar os tempos entre a interdição e as análises.

A ministra frisou que "Portugal é um dos países com melhor água", o segundo em praias fluviais e o sexto em praias costeiras, reconhecendo que é preciso investir na injecção de areias e na monitorização da qualidade da água. Maria da Graça Carvalho recordou que a última "grande intervenção" no sistema de saneamento básico foi há 30 anos e, por isso, "há muitos equipamentos que precisam de ser melhorados". Ora, "infelizmente, no PRR [Plano de Recuperação e Resiliência, fundos europeus] isso não foi tido em conta", lamentou.

"Temos pouco financiamento europeu [...], tanto para a água como para saneamento básico e também, já agora, para resíduos. São três áreas em que Portugal precisa de muito investimento", constatou a ministra, adiantando que o Governo está "a tentar arranjar uma solução". A modernização do sistema de saneamento, nomeadamente a recuperação das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), poderá passar por "financiamentos mais inovadores", por exemplo recorrendo ao Banco Europeu de Investimento. "Estamos a tentar arranjá-lo [o financiamento] e vamos arranjá-lo", garantiu a ministra.