PJ deteve homem que chantagearia e violaria mulheres que atraía através da Internet

Duas das quatro vítimas identificadas tiveram de ser internadas na sequência de uma tentativa de suicídio e de automutilação. Suspeito ouvido esta quinta-feira por juiz de instrução.

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Judiciária já identificou quatro vítimas, mas admite que haja mais Daniel Rocha
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A Polícia Judiciária (PJ) anunciou esta quinta-feira a detenção de um homem, com 36 anos e residente na área metropolitana do Porto,​ que terá chantageado e até violado mulheres depois de ter combinado encontros amorosos com elas através das redes sociais. Estão identificadas quatro vítimas, mas os inspectores da Directoria do Norte da PJ, que estão a levar a cabo a investigação, não descartam a hipótese de existirem mais mulheres agredidas pelo mesmo suspeito.

Os casos remontam a 2022, altura em que uma das mulheres apresentou queixa às autoridades. Na sequência das diligências de investigação, os inspectores detectaram mais três casos, tendo as vítimas falado com os investigadores, a quem transmitiram pormenores sobre os crimes. Mesmo assim, não apresentaram queixa, o que irá impedir que sejam apuradas responsabilidades criminais relativamente a dois casos de violação, que ainda não é um crime público.

Os quatro episódios apresentam contornos diferentes, mas um ponto comum: o alegado agressor usava sempre as redes sociais, habitualmente o Instagram, para conhecer as vítimas. Nesses contactos, conseguia que as mulheres partilhassem fotografias ou vídeos íntimos, que depois eram usados contra as próprias vítimas. Ou para as obrigar a encontrarem-se com o alegado agressor e coagi-las a manter com ele relações sexuais - que, por isso, se consideram não consentidas, configurando, por isso, violação - ou para as obrigar a enviarem novas fotografias e novos vídeos. Nestes últimos casos, o suspeito é que instruía as vítimas sobre as imagens que pretendia, transmitindo informações precisas sobre o conteúdo das fotografias e dos vídeos que deveriam enviar.

Curiosamente a situação que deu origem à queixa não foi das mais graves, uma vez que vítima e suspeito não chegaram sequer a encontrar-se pessoalmente. Tal não impediu, contudo, a chantagem, tendo a mulher sido obrigada a enviar sucessivos vídeos.

Todas as vítimas eram ameaçadas com a divulgação de fotografias e vídeos íntimos junto de familiares e amigos, a que o alegado agressor tinha acesso através dos perfis das vítimas nas redes sociais.

A investigação começou em 2022, tendo este ano uma das vítimas sido novamente ameaçada pelo detido. Fonte da Judiciária justifica a demora na investigação explicando que para obter a prova informática, fundamental nestes casos, é necessário recorrer à cooperação internacional, o que se revela muitas vezes moroso. A mesma fonte admite que, por vezes, existe uma sobrecarga de trabalho na PJ, o que também pode fazer arrastar as investigações.

O homem, que foi detido na terça-feira, está indiciado “por crimes de violação, gravação ilícita e coacção sexual agravada, praticados sobre, pelo que a investigação apurou até ao momento, quatro mulheres”, precisa a Judiciária num comunicado.

Na nota, a PJ dá conta de que “os factos levaram ao internamento de duas das vítimas", uma das quais na sequência de uma tentativa de suicídio e outra de um episódio de automutilação, directamente relacionados com os crimes de que estavam a ser vítimas.

O detido foi interrogado esta quinta-feira por uma juíza de instrução do Tribunal de Matosinhos, que irá anunciar esta sexta-feira à tarde as medidas de coacção que considera adequadas.

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