Suécia autoriza abate de 500 ursos-pardos

O Governo emitiu licenças para que os caçadores abatam 486 ursos-pardos, espécie protegida na UE. Isso é quase 20% da população destes animais no país.

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Suécia autoriza abate de 500 ursos-pardos durante época de caça Janko Ferlic/Unsplash
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O Governo sueco emitiu licenças para os caçadores abaterem quase 500 ursos-pardos (486, mais precisamente) durante a época de caça que começa esta quarta-feira, dia 21 de Agosto. O número equivale a cerca de 20% da população destes animais e, segundo o Guardian, que cita dados oficiais, reduziria para cerca de 2000 o total de ursos-pardos deste país.

Apesar de serem considerados uma “espécie estritamente protegida” na União Europeia (UE), há uma excepção para esta regra: como “último recurso para proteger a segurança pública, colheitas ou fauna e flora natural”. É com base nisto que os ursos-pardos são abatidos pelos caçadores suecos:​“Trata-se de ter um equilíbrio entre humanos e grandes predadores”, argumenta Magnus Rydholm, director de comunicação da Associação Sueca de Caça e Vida Selvagem.

Na década de 1920, por exemplo, o abate neste país quase provocou a extinção desta espécie. Com os alces aconteceu o mesmo.

Em 2008, e depois de um esforço de conservação da espécie, a população de ursos-pardos na Suécia chegou aos 3300, mas nos últimos cinco anos os caçadores voltaram a ser uma ameaça. Segundo o mesmo jornal, em 2023 foram mortos 722 ursos-pardos, número recorde.

Os activistas pelos direitos dos animais condenam as licenças emitidas aos caçadores e acreditam que a continuidade dos ursos-pardos pode estar seriamente em risco em alguns países que não implementam medidas para os protegerem. Recordam ainda que matar estes animais viola uma das regras da UE que proíbe a “caça ou matança deliberada de espécies protegidas”.

Em declarações ao Guardian, Magnus Orrebrant, presidente da Associação Sueca de Animais Carnívoros, equipara o abate de ursos-pardos a “troféus de caça” e critica a falta de protecção da vida selvagem do país que, acredita, opta por “matar em vez de proteger” os animais.

Se os caçadores continuarem a abater centenas de ursos-pardos, a Suécia ficará com apenas 1400 em 2025, número mínimo necessário, segundo a Agência de Protecção Ambiental do país, para manter a continuidade da espécie. Seria, portanto, uma quebra de 60% da população destes animais.

Segundo a Euronews, os ursos pardos demoram entre três a quatro anos a crescer e têm crias a cada dois ou três anos. A par disto, na época de caça, os caçadores tanto abatem machos como fêmeas, mesmo que as últimas sejam mais importantes para a reprodução e continuidade da espécie.

Os activistas sugerem que a Suécia faça como a Finlândia que, em vez de matar estes animais, preferiu protegê-los e atrair turistas interessados na observação de ursos. O turismo de natureza, acreditam, traria mais receitas ao país do que a venda de licenças de caça.

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