Benfica deixa sair David Neres por 28 milhões de euros

Bom negócio? Mau negócio? A resposta não é clara, até porque mistura preceitos desportivos e financeiros. O que é possível garantir é que Schmidt fica sem o grande ala desequilibrador pré-Di María.

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David Neres em acção pelo Benfica PEDRO NUNES / REUTERS
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Foi um jogador importante nas duas últimas épocas no Estádio da Luz, tinha contrato até 2027 e uma cláusula de rescisão de 100 milhões de euros, mas foi nesta quarta-feira oficializado como reforço do Nápoles. O Benfica vai encaixar 28 milhões de euros com a transferência, a que podem somar-se mais dois em função do cumprimento de objectivos.

Com este negócio, em que ficam obrigados a suportar os custos de intermediação (10%), os “encarnados” aproximam-se dos 92 milhões de euros de receitas com a venda de passes de jogadores em 2024-25, mas perdem também um dos principais agitadores da equipa. Ao abrirem mão do internacional brasileiro, de 27 anos, prescindem de um fantasista e de um dos poucos elementos do plantel capazes de desequilibrar em acções de um contra um.

Bom negócio? Mau negócio? A resposta não é clara, até porque mistura preceitos desportivos e financeiros. O que é facto é que, não contabilizando os salários, David Neres rendeu uma mais-valia de qualquer coisa como 13 milhões de euros, depois de ter sido adquirido pelo Benfica, ao Shakhtar Donetsk, por cerca de 15 milhões.

Desportivamente, o criativo dos últimos meses é diferente do dos primeiros meses no Benfica. O clube “encarnado” escreveu no site oficial que, “na época 2023-24, a utilização de Neres diminuiu por força de uma lesão”, e isso tem base factual, mas haverá que ter em conta que não foi apenas isso: Roger Schmidt deixou de olhar para o internacional brasileiro como o principal desequilibrador do Benfica.

Neres tinha gozado desse estatuto na primeira temporada no clube, mas perdeu espaço no ano passado, com a chegada de Di María. Chegou a jogar no corredor esquerdo e até a ponta-de-lança, algo que atestou a prioridade dada ao argentino para arrancar a partir da ala direita.

A perda de estatuto — e a confirmação da renovação de Di María para a nova temporada — deverá ter estado na origem da vontade do jogador de sair do clube, segundo foi confirmado pelo próprio Roger Schmidt antes da partida frente ao Famalicão, para a qual não convocou o brasileiro.

Nesta altura da época, porém, as “águias” têm sido fustigadas por lesões e a verdade é que, sem Di María, Rollheiser e Schjelderup, no último jogo, diante do Casa Pia, o Benfica só contava com Tiago Gouveia com o perfil de extremo — o português foi lançado na segunda parte e ainda contribuiu com uma assistência e um golo para o 3-0 final.

A David Neres, que nas duas temporadas na Luz conquistou um campeonato (falhou a Supertaça em 2023 por castigo), somando 17 golos e 25 assistências, juntam-se as saídas de Rafa (a custo zero, para o Besiktas), Tengstedt (cedido ao Verona) de João Neves (por 60 milhões, para o PSG) e de Paulo Bernardo (por 4 milhões, para o Celtic), totalizando 92 milhões de euros em transferências.

Em sentido contrário, o Benfica gastou até agora 41,5 milhões em reforços, com Pavlidis (18 milhões) à cabeça, mas ainda deverá regressar ao mercado para fechar o plantel.

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