Na Costa Blanca, em Espanha, a seca obriga pessoas a esperar por água engarrafada

A falta de água obrigou as câmaras municipais a proibir actividades como o enchimento de piscinas, a rega de jardins e a lavagem de carros durante o dia.

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Centenas de pessoas numa praia de Valência, a 18 de Agosto. O turismo desenfreado no Verão faz com que o o consumo de água aumentasse de 2,3 mil milhões de litros em Janeiro para 19,67 mil milhões de litros em Julho na zona da Marina Alta BIEL ALINO / EPA
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Uma seca severa tornou a água da torneira imprópria para consumo em várias cidades da Costa Blanca, em Espanha, obrigando os turistas e os habitantes locais a fazerem fila nos pontos de distribuição para obterem água engarrafada para satisfazerem as suas necessidades básicas.

Com a descida do nível da água, a salinidade aumentou, levando as autoridades de algumas zonas a considerar a água da torneira imprópria para beber ou cozinhar. A água engarrafada está a ser distribuída gratuitamente.

O desenvolvimento desenfreado, as alterações climáticas e o turismo de massas durante os meses de Verão, quando a população do popular destino do Mediterrâneo aumenta, agravaram o problema, apontam os activistas.

Na zona da Marina Alta, a norte da capital da província de Alicante, o consumo de água aumentou de 2,3 mil milhões de litros em Janeiro para 19,67 mil milhões de litros em Julho.

Há cerca de 38 mil piscinas na zona, ou seja, uma para cada cinco habitantes, segundo o Instituto Nacional de Estatística do país. A média em toda a Espanha é de uma piscina para cada 35 pessoas.

A falta de água obrigou as câmaras municipais a proibir actividades como o enchimento de piscinas, a rega de jardins e a lavagem de carros durante o dia.

“Já estamos a entrar numa emergência climática”, disse Joan Sala, do grupo ambientalista Accio Ecologista-Agro, à Reuters, citando a fraca precipitação na parte norte da província de Alicante, que recebeu metade da quantidade habitual de chuva no ano passado e apenas 10% dos níveis médios até agora este ano.

“É preciso um pouco mais de prevenção, porque agora no Verão há muito mais gente do que no Inverno”, disse Fernando Sapena, proprietário do restaurante El Raco De L'arros, na cidade de Teulada-Moraira, especializado em paella, um prato valenciano à base de arroz.

Tradicionalmente, os valencianos atribuem o sabor caraterístico da paella à água dura, rica em minerais, que se encontra no local. A seca também causou perdas de mais de 65 milhões de euros no sector agrícola da região, segundo a associação de agricultores ASAJA, em Julho.

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