Novo líder da PSP deixa aviso: “Sociedade tem baixa tolerância ao erro da polícia”

Perante alguma insatisfação dos polícias por aumento líquido do suplemento de missão não ser maior, Telmo Correia diz: “Todos temos de pagar impostos.” Pagamento será feito o mais tardar em Setembro.

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Ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, acompanhada pelo secretário de Estado da Administração Interna, Telmo Correia, durante a tomada de posse do superintendente Pedro Teles como novo comandante da Unidade Especial de Polícia MIGUEL A. LOPES / LUSA
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O novo comandante nacional da PSP, Luís Carrilho, deixou nesta terça-feira um aviso à corporação que dirige: “A sociedade tem uma tolerância muito baixa ao erro da polícia.”

O dirigente máximo da corporação não falou em casos concretos, mas a mensagem surge dias depois de se saber que a PSP manteve durante vários anos ao serviço um agente suspeito de sufocar um homem para lhe extrair uma confissão. As suspeitas haviam de ser confirmadas em tribunal e o agressor condenado a três anos de pena suspensa, mas só depois disso foi expulso da corporação, ainda era José Luís Carneiro ministro da Administração Interna.

A preocupação de Luís Carrilho é também a da actual titular da pasta, Margarida Blasco, que anunciou recentemente a abertura de um inquérito para apurar eventuais responsabilidades disciplinares de elementos das forças de segurança pela sua participação em organizações extremistas, como o grupo 1143.

À margem da cerimónia de tomada de posse do novo comandante da Unidade Especial de Polícia, Pedro Teles, a ministra defendeu que estes profissionais têm de “ter boa formação, de saber estar”. Já o superintendente que a partir de agora dirige esta unidade de elite, vocacionada para o controlo de multidões mas também para a segurança pessoal de figuras de Estado, deixou também ele um recado aos seus homens ao declarar-se contrário a “qualquer forma de extremismo ou de discriminação”.

Questionado pelos jornalistas, o comandante nacional da PSP escusou-se a dizer se vai ou não cumprir a recomendação da Inspecção-Geral da Administração Interna para que os agentes da Unidade Especial de Polícia andem com a sua identificação sempre à vista. “Estamos a analisar”, acabou por responder. A recomendação surge depois de esta inspecção não ter conseguido identificar quem foi o polícia que abriu a cabeça a um cidadão que ia assistir a um jogo de futebol entre o Famalicão e o Sporting, a 3 de Fevereiro passado. Antigo comandante desta unidade de elite, Luís Carrilho não tem dúvidas: "A Unidade Especial de Polícia é a grande reserva da democracia", pelas funções que lhe estão cometidas.

Entretanto, o Ministério da Administração Interna está a fazer esforços para conseguir pagar ainda durante Agosto o aumento do suplemento salarial de missão negociado com a PSP e com a GNR. Por agora são mais 200 euros mensais que acrescem aos cem que os polícias já recebiam, e igualmente taxados. Nalguns casos, consoante a situação de cada um, o aumento líquido fica-se pelos cem euros, ou menos ainda, o que tem estado a gerar alguma insatisfação dos agentes patente nas redes sociais.

Mas neste particular não há nada a fazer, admitiu, à margem da mesma cerimónia, o secretário de Estado da Administração Interna, Telmo Correia: “Todos temos de pagar impostos.”

"São contas difíceis de fazer", disse por seu turno a ministra Margarida Blasco. "Mas será sempre um suplemento digno".

Se não conseguir pagar até ao final de Agosto, o Ministério da Administração Interna fá-lo-á em Setembro, antes do pagamento do salário desse mês. Este primeiro pagamento será de 400 euros brutos, uma vez que inclui um mês de retroactivos. O valor deste suplemento irá subir gradualmente, até chegar aos 400 euros mensais em 2026. Antes disso, em Janeiro próximo, o Ministério da Administração Interna retomará negociações com os sindicatos das forças de segurança sobre revisão de carreiras

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