Preços nos serviços pressionam inflação na zona euro, ainda nos 2,6%

Eurostat confirma que a inflação nos 19 países da moeda única se agravou. Diferença no índice face a Julho do ano passado é de 2,6%. BCE toma decisão sobre taxas dentro de três semanas.

Foto
O conselho do BCE reúne-se em Frankfurt a 12 de Setembro e tomará uma decisão sobre o que fazer em relação às taxas de juro Wolfgang Rattay / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
04:25

A inflação na zona euro voltou a aumentar em Julho, com as duas maiores economias europeias, a Alemanha e a França, a registarem agravamentos nas taxas que medem a evolução dos preços praticados junto dos consumidores, confirmam dados divulgados nesta terça-feira pelo Eurostat. A maior pressão vem dos serviços, onde a diferença do índice em relação a Julho do ano passado está muito acima do valor global da inflação.

No conjunto dos 19 países da zona euro, a inflação total passou dos 2,5% registados em Junho para 2,6% em Julho (isto significa que a diferença no índice de preços em relação a Julho do ano passado é de 2,6%, maior do que acontecia em Junho quando se media a distância relativamente ao mesmo mês de 2023).

Nas 19 economias da moeda única, “o maior contributo para a taxa de inflação homóloga” veio da evolução dos preços nos serviços, “seguido dos produtos alimentares, álcool e tabaco” e, depois, dos produtos industriais não energéticos e da energia, explica o Eurostat.

De resto, excluindo apenas a energia e verificando qual é a taxa considerando todos os restantes agregados que compõem o índice, a inflação fica nos 2,7%, num valor superior aos 2,6% da taxa global. A taxa que mede a evolução dos preços no consumidor da energia está nos 1,2%, o que compara com o que se passa nos serviços, onde a diferença do índice em relação a Julho do ano passado é de 4%. Apesar da grande diferença, registou-se no mês passado um alívio na variação homóloga, que, em Junho, à semelhança do que se passou em Maio, estava nos 4,1%.

O contributo dos serviços para a variação anual do índice de preços foi de 1,82 pontos percentuais em Julho, continuando este agregado a ser o mais relevante neste momento para a manutenção da inflação num nível acima dos 2,5%.

Na Alemanha, a taxa de inflação está no mesmo patamar da média da zona euro, nos 2,6%. E, tal como na região da moeda única, a posição também representa um agravamento face ao valor de Junho (2,5%). Embora continue já abaixo do que se verificou em Maio (2,8%), a inflação alemã já esteve num valor mais recuado do que está agora, pois chegou a recuar para 2,3% em Fevereiro e ainda se susteve nos 2,4% em Março.

Em França, onde a inflação também já chegou a estar nos 2,4% este ano, a taxa está agora nos 2,7%, ligeiramente acima da média do euro. Em Maio estava nos 2,6%, em Junho ainda baixou para 2,5% e agora voltou a agravar-se.

Na quarta economia, a Itália, a taxa está abaixo da média (nos 1,6%, embora também se verifique uma subida face aos 0,9% de Junho). Na quarta potência, a Espanha, há, pelo contrário, um alívio, com a inflação a recuar de 3,6% em Junho para 2,9% em Julho.

Em Portugal assiste-se, tal como no país vizinho, a um desagravamento da inflação, embora a taxa esteja ligeiramente acima da média do euro. Olhando para o índice que permite fazer comparações a nível europeu (o harmonizado, IHPC), a taxa portuguesa estava em 3,8% em Maio, passou para 3,1% em Junho e voltou a decrescer em Julho, para 2,7%.

Se nos Estados Unidos se assistiu em Julho a uma pequena descida da inflação (para 2,9%) e isso está a levar analistas de mercado a apostarem que a Reserva Federal norte-americana poderá baixar as taxas de juro na reunião de Setembro, na área do euro, a trajectória inversa, de subida, volta a trocar as voltas, refreando as expectativas de que o Banco Central Europeu (BCE) irá agora voltar a fazer um corte nas taxas de juro de referência.

Depois de um longo período de permanência das taxas em níveis historicamente elevados, a autoridade monetária do euro baixou as taxas em Junho (colocando a principal referência para o custo de financiamento nos 3,75%) e, em Julho, decidiu manter os valores inalterados, deixando em aberto para Setembro o que fazer (manter ou voltar a baixar), tomando uma decisão ponderando a evolução dos indicadores económicos e da evolução dos preços. O objectivo do BCE passa por assegurar que a inflação fica em 2% no médio prazo e, para o alcançar, o caminho será longo e “não será assim tão fácil”​, já avisou a presidente da instituição, Christine Lagarde.

A próxima reunião do conselho do BCE decorre dentro de três semanas, a 12 de Setembro, em Frankfurt, dias antes da reunião da Reserva Federal dos Estados Unidos, a 17 e 18.

Sugerir correcção
Comentar