Videocast: Djedah, o jovem que saiu da Amazônia para desbravar o mundo com seu violão

Djedah Braga começou a tocar o violão, que ganhou de presente do pai, aos 10 anos. Nascido em Manaus, está de passagem por Portugal.

i-video

Pode ouvir o podcast aqui

O violonista Djedah Medeiros Braga, 18 anos, nasceu no meio da floresta Amazônica e jamais poderia imaginar que, sob as asas do instrumento que ganhou do pai quando ainda era muito menino, desbravaria o mundo. E tudo se deu muito por acaso. Ao postar nas redes sociais um vídeo tocando, despretensiosamente, o seu violão, foi descoberto por uma série de músicos renomados do Brasil, incluindo o cantor e compositor Chico Buarque de Holanda. “De repente, fiquei famoso”, diz.

O encantamento de Djedah pelo violão foi natural. “Ninguém da minha família é artista ou toca qualquer instrumento. Só sei que o meu bisavô tinha um conjunto musical, e só”, conta. Com os ouvidos muito apurados para as notas musicais, o menino da Amazônia, nascido em Manaus, logo se encantou pela arte de Baden Powell, Sebastião Tapajós, Caetano Veloso e, claro, Chico Buarque. “São minhas referências musicais”, ressalta ele, que está de passagem por Portugal, de olho no mercado europeu.

Essas inspirações, afirma o jovem, foram importantes para que ele desenvolvesse a capacidade de lidar com as cifras e as cordas do violão. “Venho de Manaus, no Norte do Brasil, onde há uma cultura riquíssima, com vários violonistas”, afirma. Isso, acredita ele, propiciou seu crescimento profissional. Segundo o músico, o nome que ele carrega foi consequência de um sonho do pai. “Ele sonhou com esse nome, que Deus conhecia esse nome e que o filho dele seria homem”, relata.

Djedah, que é canhoto, confessa que, como aprendeu a tocar sozinho, nunca ninguém lhe disse se havia um lado certo para segurar o violão. “Fui quebrando a cabeça e, no começo, foi bem difícil, porque o violão é fabricado normalmente para destros”, assinala. Na hora de escrever, no entanto, ele usa a mão direita e não sabe explicar o porquê.

Há pouco mais de um mês em Portugal, Djedah diz que admira o fado, a cultura do país e, especialmente, os poetas, e cita Camões e Fernando Pessoa. Ressalta, ainda, a influência árabe, que é muito forte no país europeu e resvalou para o Brasil. “De certa maneira, a cultura árabe reverbera na cultura popular brasileira”, acredita, lembrando que a pronúncia de seu nome é muito parecida com a de Jeddah, cidade que fica na Arábia Saudita.

Início da trajetória

O jovem começou a despontar como artista aos 16 anos. Descoberto nas redes sociais, foi convidado pelo criador do São Paulo Fashion Week, Paulo Borges, para se apresentar no evento, que é o mais relevante no Brasil quando se trata de moda. Borges lhe enviou uma mensagem: “Quero você aqui no SPFW”. A surpresa foi tamanha, que ele levou dois dias para responder.

Djedah nunca tinha viajado para São Paulo e, quando chegou na maior cidade brasileira, teve apenas três dias para preparar o repertório, com músicas de Caetano Veloso que Gal Costa havia gravado. Era uma homenagem do evento à cantora que tinha recém-falecido.

O músico conta que demorou para entrar nas redes sociais, e, quando o fez, começou a postar de forma despretensiosa vídeos em que tocava algumas músicas. “Quando vi, tinha a página do Chico Buarque, que havia repostando meu vídeo. Eu disse: meu Deus”, lembra. Depois disso, o número de seguidores passou de 600 para 60 mil. “Isso me abriu as portas e promoveu uma grande alteração no meu público. A Ivete Sangalo começou a me seguir.”

O violonista amazonense diz que, quando descobriu o violão, sua primeira paixão foi Baden Powell, um dos pais da Bossa Nova, que fez músicas marcantes em parceria com Vinícius de Moraes. “Ele foi muito transgressor ao apresentar a cultura afro naquele tempo, e até hoje é pertinente”, frisa. No entender do jovem, Baden reinventou o violão brasileiro e deu uma cara nova ao instrumento.

Segundo Djedah, sua vinda para Portugal tinha como objetivo produzir conteúdo audiovisual e revitalizar as suas redes sociais. Mas ele novamente voltou para o seu violão e fará uma apresentação, no dia 31 de agosto, no Porto, na Casa da Guitarra.