Blinken diz que Netanyahu concorda com a proposta de cessar-fogo dos mediadores

Chefe da diplomacia norte-americana diz que esta pode ser a “última oportunidade” para tréguas na região. Primeiro-ministro israelita sublinha necessidade de libertação de todos os reféns pelo Hamas.

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Blinken reuniu-se nesta segunda-feira com as autoridades de Israel REUTERS/Kevin Mohatt/Pool
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O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, estiveram reunidos mais de três horas esta segunda-feira em Telavive, numa conversa considerada “positiva e conduzida com bom espírito”, segundo um comunicado do gabinete​ do governante de Israel. Mais tarde, foi o próprio responsável norte-americano a confirmar os dados positivos da reunião. “Num encontro muito construtivo com o primeiro-ministro Netanyahu, hoje, confirmou-me que Israel aceita a proposta dos mediadores para cessar-fogo em Gaza]”, disse Blinken aos jornalistas em Telavive, desafinado o Hamas a dar o passo em frente rumo à trégua.

Um porta-voz de Netanyahu confirmou também, ao jornal The New York Times, que o primeiro-ministro tinha dito a Blinken que Israel concordava com a proposta apresentada na semana passada por mediadores americanos, egípcios e do Qatar, numa tentativa de encontrar uma fórmula que pudesse pôr termo aos combates e evitar uma guerra regional mais vasta. A proposta destina-se a colmatar as lacunas que subsistem entre Israel e o Hamas em várias questões críticas, após meses de impasse. Segundo já tinha informado no domingo o porta-voz do secretário de Estado dos EUA Vedant Patel, as negociações em curso passam pela tentativa de libertação de reféns pelo Hamas em troca de prisioneiros palestinianos. Quanto ao resto da proposta, pouco ou nada se sabe.

Não houve, até ao fecho desta edição, qualquer reacção do Hamas ao encontro de Blinken com as autoridades israelitas. Mas no domingo, horas depois da chegada de Blinken a Israel, o Hamas – que não está a participar directamente nas negociações, mas tem sido consultado – declarou que considera o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, responsável por “frustrar os esforços dos mediadores”, atrasando um acordo e expondo os reféns israelitas em Gaza à mesma agressão que os palestinianos enfrentam.​ O grupo islamista instou os países mediadores – EUA, Egipto e Qatar – a obrigarem Israel a aplicar o que foi acordado anteriormente, “para que as negociações não entrem num círculo vicioso”.

Última oportunidade

De manhã, quando se reuniu com o Presidente israelita, Isaac Herzog, o chefe da diplomacia dos EUA tinha considerado que “esta pode ser a última oportunidade” de alcançar um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas em Gaza. “Este é um momento decisivo, esta pode ser a melhor, a última oportunidade de trazer os reféns para casa, de obter um cessar-fogo e de pôr todos na via da paz e da segurança duradouras”, afirmou Blinken.

Estou aqui como parte de um esforço diplomático intensivo sob as instruções do Presidente Biden para tentar fazer com que este acordo chegue a um ponto de entendimento e, em última análise, que o ultrapasse... É tempo de todos chegarem ao sim e não procurarem desculpas para dizer não, acrescentou.

Blinken chegou no domingo à noite a Israel, pela nona vez desde o início da guerra na Faixa de Gaza a 7 de Outubro, agora durante uma ronda de negociações para um cessar-fogo que começou em Doha, capital do Qatar, na quinta-feira passada. Na terça-feira segue para o Egipto, onde esta semana prosseguem as conversações.

Apesar das negociações para um cessar-fogo estarem a decorrer, a violência continuou ininterruptamente em Gaza no domingo e já nesta segunda-feira, segundo escreve a Reuters, morreram pelo menos 30 pessoas.

O Hamas também confirmou a autoria de um atentado terrorista em Telavive, o que já não acontecia há muito tempo, sem, no entanto, conseguir provocar grandes danos. No domingo à noite, um bombista suicida fez-se explodir cerca de uma hora depois de Antony Blinken ter aterrado na cidade, mas apenas causou a sua própria morte e ferimentos num transeunte. O objectivo não seria esse, mas sim que a explosão tivesse ocorrido num local mais movimentado, de forma a causar vítimas civis israelitas, segundo foi avançado por diversas fontes.

O atentado falhado foi reivindicado nesta segunda-feira pelas Brigadas Al-Qassam, do Hamas, que conduziram a operação em cooperação com o braço armado do movimento Jihad Islâmica, as Brigadas Al-Quds. Quase ao mesmo tempo, a polícia e os serviços de informação interna (Shin Bet) emitiram uma declaração conjunta confirmando que a explosão foi um ataque terrorista.

Corrida contra o tempo

A urgência em chegar a um acordo de cessar-fogo é cada vez maior, devido aos receios de uma escalada na região. O Irão ameaçou retaliar contra Israel após o assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerão, a 31 de Julho.

O principal diplomata norte-americano também voltou a mencionar a preocupação dos EUA com uma nova escalada no conflito. É também altura de garantir que ninguém dá passos que possam fazer descarrilar este processo, e por isso estamos a trabalhar para garantir que não há escalada, que não há provocações, acrescentou.

Notícia actualizada às 19h40 com mais informações

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