França Insubmissa ameaça tentar destituir Macron se não nomear candidata da esquerda

A ameaça veio de líderes do partido, incluindo Jean-Luc Mélenchon, já os outros líderes da Nova Frente Popular demarcaram-se da opinião, destacando-se a candidata da coligação Lucie Castets.

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A ameaça foi feita pelo maior partido da Nova Frente Popular mas a medida foi recusada pelas outras forças da esquerda MOHAMMED BADRA / EPA
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A França Insubmissa, partido de esquerda que compõe a coligação vencedora das eleições legislativas da Nova Frente Popular (NFP), ameaçou destituir o Presidente francês, Emmanuel Macron, caso o chefe de Estado não nomeie a candidata apontada pela NFP, Lucie Castets, numa semana em que devem arrancar as negociações lançadas por Macron para a liderança do Governo.

Um texto assinado por figuras centrais do partido, incluindo Jean-Luc Mélenchon, Manuel Bompard e Mathilde Panot, publicado no sábado no jornal francês La Tribune de Dimanche, afirmava que Macron violaria os deveres institucionais do cargo de Presidente da República se não nomeasse a candidata da Nova Frente Popular, invocando o artigo 68.º da Constituição francesa, que diz que é motivo de destituição o "incumprimento de um dever manifestamente incompatível com o exercício das suas funções", no qual os líderes partidários consideram estar a recusa de nomear alguém nomeado pelo vencedor de umas eleições.

Adiadas por Macron para depois dos Jogos Olímpicos de Paris, as negociações para a formação de um novo governo têm estado paralisadas desde a demissão do anterior primeiro-ministro, Gabriel Attal, no fim de Julho.

"O Presidente da República não é um monarca com direito de veto suspensivo sobre o resultado de uma votação democrática", escreveram os signatários da declaração publicada no sábado, que afirmaram que a tribuna escrita pelos líderes do partido tinha "um papel concreto de aviso solene".

À rádio francesa RTL, Manuel Bompard, coordenador do grupo parlamentar do França Insubmissa, confirmou que a ameaça publicada era um "aviso", "uma possibilidade credível" e que, caso Macron não nomeasse a candidata da união das esquerdas Lucie Castets, iam utilizar "os meios constitucionais" à disposição para os "derrubar".

À televisão francesa TF1, a deputada da França Insubmissa Aurélie Trouvé demonstrou o apoio à medida apontada pelo seu partido, pelo facto de, segundo a mesma, se estar "no meio de uma deriva autocrática do chefe de Estado".

Proposta sem futuro

Apesar do destaque dado à França Insubmissa, as outras forças da Nova Frente Popular já se demarcaram das intenções da liderança da França Insubmissa, incluindo a própria candidata a ocupar o Hotel Matignon (residência oficial do primeiro-ministro francês), Lucie Castets.

"O nosso objectivo deve ser a censura do Governo [que não seja de esquerda] e não a destituição [do Presidente]", afirmou Lucie Castets nesta segunda-feira à televisão francesa BFM, sublinhando que, no entanto, "é urgente sairmos do imobilismo" e que deve ser o bloco partidário vencedor nas eleições legislativas que terminaram no passado dia 7 de Julho que deve governar.

Olivier Faure, secretário-geral do Partido Socialista (PS), o segundo maior partido dentro da Nova Frente Popular, recusa utilizar o mecanismo da destituição para derrubar Emmanuel Macron. Porém, caso o Presidente francês não nomeie Lucie Castets, Faure defende que se apresente uma moção de censura.

As negociações para a formação do Governo de França vão recomeçar esta semana, lideradas por Emmanuel Macron, e reunindo todas as forças representadas nas duas câmaras do Parlamento francês. A reunião de Macron com os líderes da Nova Frente Popular está marcada para esta sexta-feira, tendo Castets dito que está "ansiosa por começar a coabitação (termo utilizado quando o Presidente e o primeiro-ministro não são do mesmo partido em França)".

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