Na Minha Estante: Soraia Tavares
O desafio era simples: diz-nos o que andas a ler, que livro marcou a tua vida ou que autor compras sem hesitar. Estas são as escolhas de Soraia Tavares, actriz e cantora.
Um livro que te fez chorar?
Vou falar do primeiro livro que me lembro de ler e de me fazer chorar, que é o Precious: A Força de uma Mulher, de Sapphire. Mais tarde houve um filme. Eu adorei esse livro porque ele é escrito pela protagonista, que não sabe escrever bem, então vamos lendo e conhecendo a história dela à medida que ela vai aprendendo a escrever e a desenvolver a sua escrita e a sua leitura.
Qual o teu género de livros favorito?
Achei que seria difícil responder a esta pergunta, mas depois comecei a olhar para todos os livros que tinha gostado mais e percebi que é o romance, gosto de grandes histórias com algum suspense. Acho que no cinema é exactamente igual. Também gosto de histórias muito descritivas, que me levam para a parte visual.
Qual o último livro que leste e ofereceste depois a alguém?
O último livro que eu li e que ofereci a alguém foi Balada para Sophie, de Filipe Melo e Juan Cavia. É uma banda desenhada que eu nunca pensei que iria gostar tanto, diria que está no meu top três de livros favoritos porque a história é muito, muito intensa. Fala sobre os nossos defeitos humanos de uma forma muito cativante e acho que nos leva para um lado super cinematográfico. Também fala muito sobre música, que é uma coisa que gosto. Acho que é obrigatório passar a vista neste livro.
Um livro que te inspirou na tua profissão…
O Segundo Círculo, muitas vezes volto a ele, é da Patsy Rodenberg. Ela desenvolveu um método que tem a ver com os três círculos. No primeiro estamos muito virados para nós, no terceiro estamos virados para todos e por isso a energia dispersa. O segundo círculo é um meio termo. É um bom livro para actores, para oradores, acho que desenvolve muita comunicação. Este livro tem mesmo exercícios práticos de concentração que é uma coisa que toda a gente tem vindo a perder.
Um livro que queres ler e ainda não compraste.
Um livro que quero ler e ainda não comprei é o Ato Criativo, de Rick Rubin. É sobre nós nos conectarmos com a nossa própria criatividade.
Qual o último livro que leste?
O último livro que li, que é assim bem pequenino, chama-se Para Que Fique Bem Escurecido, da Sandra Baldé. Queria destacar este livro porque me deu uma sensação que eu ainda não conhecia. Falava sobre mim, senti que a personagem era eu. E aconselho toda a gente a ler e saber um bocadinho mais sobre o que é isto de ser uma mulher negra num país maioritariamente branco.
Qual o teu autor português favorito?
Vou dizer um autor dos PALOP, que é o angolano Ondjaki. Tive a possibilidade de poder fazer uma peça sobre um dos seus livros e foi a partir daí que comecei a ler toda a sua obra. Recomendo Os Transparentes e Os Vivos, o Morto e o Peixe Frito, que foi a peça que eu fiz.
Um livro que toda a gente devia ler…
Trouxe este livro, que é O Racismo no País dos Brancos Costumes, da Joana Gorjão Henriques. Acho que é um livro que todos deveriam ler. Eu ia trazer a Bíblia, mas achei que este também podia ser uma boa Bíblia. Põe em cima da mesa várias histórias e várias questões que achamos que são mito, histórias de pessoas reais.
Uma biografia que recomendas…
Uma biografia que recomendo mas não tenho comigo é a do Trevor Noah, Sou um Crime. Não costumo ler muitas biografias, mas quando li isto percebi que as biografias são um bocado românticas, contam a sua história. Este livro fala sobre a infância do Trevor Noah, que é um comediante, durante o apartheid e aquilo agarrou-me, acho que li em três dias porque a história está escrita com bastante comicidade e ao mesmo tempo é muito dura. Tem um final feliz, mas não é uma história fácil.
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