Fundação dará residência, com vista para o Tejo, para artistas concluírem obras

Fundação Kees Eijrond abre concurso para residência artística em Lisboa. Processo de escolha vale para todos, mas aqueles que falam português têm vantagem. Normalmente, gasto seria de 2 mil euros.

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A Fundação Kees Eijrond dará ajuda para que artistas possam completar seus trabalhos. Aqueles que falam português saem em vantagem Jair Rattner
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Um programa de residência artística em Lisboa, com lugar para morar em um palácio no centro de Lisboa, com vista para o Tejo. É o que oferece a Fundação Kees Eijrond a artistas que queriam dar um impulso para completar suas obras.

“Normalmente, por uma residência artística assim, o custo é de 1,5 mil a 2 mil euros (R$ 9 mil a R$ 12 mil). Nós não cobramos nada”, diz a brasileira Mirna Queiroz, diretora executiva da fundação.

A instituição fica em anexo de um hotel de cinco estrelas num dos locais mais emblemáticos de Lisboa, o Miradouro de Santa Catarina. Foi onde José Saramago colocou a sua personagem Ricardo Reis para ver os navios entrarem e saírem do porto de Lisboa.

A residência será num quarto de um palácio do século XVIII, construído antes do terremoto de 1755. Até ser adquirida pelo hotel, era o prédio abrigava um dos mais importantes banqueiros portugueses, António Horta Osório, que foi presidente do Lloyd’s Bank e chegou a ser nomeado cavaleiro pela Rainha Elisabeth II, da Inglaterra.

Segundo Mirna, a residência está aberta a todas as pessoas. “A nacionalidade não será um critério para a escolha. O primeiro quesito será sempre a qualidade da proposta”, ressalta. “Mas um dos pontos que será levado em consideração é a relação do objeto artístico com a cultura de língua portuguesa, uma vez que se busca uma relação com a comunidade local”, acrescenta.

Assim, destaca a diretora da Fundação Kees Eijrond, as pessoas que falam português, sejam brasileiros, portugueses ou africanos de língua portuguesa, terão uma análise com mais atenção.

Conscientização crítica

A princípio, a residência artística deve durar duas semanas, podendo chegar a até cinco semanas, segundo o projeto que for aprovado. “Não é para começar do zero. O compromisso é que a obra de arte alcance o público. Vamos dar acolhimento a uma fase do processo, não ao processo todo”, diz Mirna.

O motivo pelo qual foi estabelecido o prazo de duas semanas é que, assim, será possível oferecer a residência a mais artistas. A diretora da Fundação Kees Eijrond relata que a primeira fase da seleção funcionará como um projeto piloto, podendo ser modificado mais tarde.

Ela conta que, inicialmente, serão escolhidos projetos na área da escrita. Na segunda, será a vez das artes visuais, o que inclui fotografia, ilustração, cerâmica, pintura ou arquitetura, por exemplo. A terceira fase ainda será definida. As inscrições estão abertas e, para a primeira fase, vão até 5 de setembro.

Para concorrer é necessário enviar o currículo, uma carta de proposta explicando o que se pretende fazer, um calendário do desenvolvimento do projeto e um compromisso de publicação ou apresentação da obra. Mais informações e o e-mail para onde enviar a candidatura estão em: https://kefoundation.eu/conteudo_agenda.php?id=29.

O júri que decidirá os participantes da residência será composto pelos oito membros do conselho da fundação, além da diretora executiva. A Fundação Kees Eijrond foi criada em 1991 nos Países Baixos para apoiar o desenvolvimento de projetos culturais.

Os documentos da fundação explicam os motivos para se apostar em projetos como esse: “Acreditamos que arte é uma expressão fundamental da condição humana e desempenha um papel central no desenvolvimento e conscientização crítica”.

Os artigos escritos pela equipa do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa usada no Brasil

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