Rede social X sai do Brasil após disputa com juiz do Supremo
Empresa diz que Alexandre de Moraes ameaçou representante com pena de prisão. Plataforma continua disponível para os utilizadores brasileiros.
A rede social X (antigo Twitter) disse este sábado que encerrará as operações no Brasil "com efeito imediato" devido ao que chamou ser "ordens de censura" do juiz brasileiro Alexandre de Moraes.
A X, propriedade do bilionário Elon Musk, alega que Moraes ameaçou secretamente um dos representantes legais da empresa no Brasil com prisão, caso não cumprisse ordens judiciais para retirar alguns conteúdos da sua plataforma.
O gigante das redes sociais publicou imagens de um documento supostamente assinado por Moraes que diz que uma multa diária de 20.000 reais (aproximadamente 3313 euros) e um decreto de prisão seriam impostos contra a representante da X, Rachel Nova Conceição, se a plataforma não cumprisse as ordens de Moraes.
"Para proteger a segurança do nosso staff, tomámos a decisão de encerrar as nossas operações no Brasil, com efeitos imediatos", declarou a X.
O Supremo Tribunal Federal, onde Moraes tem assento, disse à Reuters que não se pronunciaria sobre o assunto e não confirmaria nem negaria a autenticidade do documento partilhado na rede social X.
Apesar do encerramento dos escritórios, o serviço continua disponível para a população do Brasil, informou a plataforma no sábado.
No início deste ano, Moraes ordenou que a X bloqueasse certas contas, enquanto investiga as chamadas "milícias digitais" que foram acusadas de espalhar notícias falsas e mensagens de ódio durante o governo do ex-Presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro.
Moraes abriu um inquérito no início deste ano contra o bilionário depois de Musk ter dito que iria reactivar as contas na rede X que o juiz tinha mandado bloquear. Musk classificou as decisões de Moraes relativas ao X como "inconstitucionais".
Após as contestações de Musk, os representantes da X voltaram atrás e disseram ao Supremo Tribunal Federal que a gigante das redes sociais iria cumprir as decisões judiciais.
Em Abril, os advogados que representam a X no Brasil disseram ao Supremo Tribunal Federal que "falhas operacionais" permitiram que os utilizadores que tinham sido bloqueados continuassem activos na plataforma, depois de Moraes ter pedido à X que explicasse por que razão alegadamente não tinha cumprido a ordem.
Musk, numa publicação no X no sábado, chamou Moraes uma "desgraça total para a justiça" e disse que a empresa não poderia ter concordado com a "censura secreta e exigências de entrega de informações privadas" do juiz.