Schmidt precisou de 65 minutos para colocar o Benfica no rumo certo
O treinador alemão insistiu na táctica utilizada em Famalicão, mas após mudar os “encarnados” marcaram em 25 minutos três golos ao Casa Pia.
Foram 65 minutos desperdiçados pela insistência numa estratégia que já tinha sido um fiasco em Famalicão, mas após Roger Schmidt emendar o equívoco inicial e colocar o Benfica virado para a frente, as “águias” construíram uma vitória clara (3-0). No Estádio da Luz, frente ao Casa Pia, os “encarnados” criaram poucos problemas aos “gansos” até às entradas de Kokçu, Tiago Gouveia e Marcos Leonardo, mas a partir daí só deu Benfica: com golos de Pavlidis, Gouveia e Ausners, Schmidt conseguiu o primeiro triunfo nesta temporada.
Depois de uma pré-época onde os traumas do Benfica de 2023/24 pareciam estar perto de ficarem restabelecidos, bastou um jogo oficial para que o Estádio da Luz voltasse a ser assombrado por velhos fantasmas. Com uma exibição em Famalicão ao nível de uma qualquer equipa que luta pela manutenção, o primeiro Benfica de Schmidt em 2024/25 foi mais do mesmo: sem ideias e permeável às boas estratégias dos treinadores contrários.
Porém, para o Benfica, a derrota no Minho esteve longe de ser o único problema. Com um meio-campo limitado após a saída de João Neves, Schmidt e os responsáveis pelo futebol “encarnado” concluíram que David Neres era prescindível, fazendo um all in num jogador que está perto dos 37 anos. Todavia, com Neres a caminho de Nápoles, chegou a notícia de que Angel di María contraiu uma entorse num tornozelo, e que, pelo menos frente ao Casa Pia, não estaria disponível. Para além do argentino, outras duas opções para as alas (Rollheiser e Schjelderup) eram igualmente baixas por lesão.
Com estas condicionantes e após uma exibição medíocre, era com curiosidade que se aguardava pelo “onze” que Schmidt iria escolher para o round 2 na I Liga. E o que fez o alemão? Manteve (quase) tudo na mesma: a única novidade, foi a troca de Morato por António Silva.
Assim, jogando frente a uma equipa que, já se sabia, iria ter as suas linhas recuadas, Schmidt manteve nos flancos jogadores que não dão largura (Ausners e João Mário), abdicando de soluções com as características que se pedem a um extremo ofensivo: Prestianni (jogou no meio) e Tiago Gouveia. O que para Schmidt era a solução para ultrapassar o Casa Pia, resultou, sem surpresa, em 65 minutos de tréguas oferecidas pelo alemão ao rival.
Embora com a auto-estima abalada após uma derrota na estreia frente ao Boavista, a equipa liderada por João Pereira nunca foi encostada às cordas pelos benfiquistas na primeira parte. Mesmo tendo mais bola (65%), o Benfica fez dois remates enquadrados com a baliza defendida por Patrick Sequeira: João Mário, aos 25’, e Pavlidis, aos 27’, ambos de fora da área.
E foi na outra baliza, que surgiu a melhor oportunidade da primeira parte. Numa jogada onde Gaizka Larrazabal mostrou aos alas “encarnados” como se deve fazer, o “72” foi à linha e cruzou com conta, peso e medida, mas com a baliza à sua frente, Obeng mostrou que o jogo de cabeça não é o seu forte.
Depois de uma primeira parte medíocre, brindada pelos benfiquistas com muitos assobios, o que fez Schmidt? Nada. O Benfica regressou para a segunda parte com a mesma equipa que recolheu aos balneários (Beste, lesionado, cedeu o lugar a Carreras, aos 20’), e, embora mais acutilantes no ataque, as “águias” continuavam previsíveis e sem conseguir sufocar os “gansos”.
Todavia, a partir do minuto 65, tudo mudou. Após gastar dois terços da partida com uma táctica inconsequente, Schmidt retirou Barreiro, João Mário e Prestiani, colocando um jogador que sabe construir (Kokçu), um extremo talentoso (Tiago Gouveia) e um apoio para Pavlidis (Marcos Leonardo). E o que parecia difícil, tornou-se fácil.
Aos 71’, Tiago Gouveia fez o que um extremo deve fazer e colocou a bola à medida da cabeça de Pavlidis. O grego agradeceu e inaugurou o marcador. Nove minutos depois, Gouveia combinou com Aursnes e, na esquina da área, dez um grande golo. Com as peças no sítio e a táctica correcta, o Benfica em 15 minutos fazia mais do que nos 65 anteriores e, no minuto 90, Ausners fechou a contagem, fazendo o 3-0.
Na próxima semana, ficará a saber-se se Schmidt percebeu que esta é a formula que a sua equipa precisa.