China reforça controlos nas fronteiras devido à propagação de mpox
A Administração Geral das Alfândegas do país asiático decidiu aplicar estas medidas em resposta à declaração de emergência sanitária internacional emitida pela Organização Mundial de Saúde.
A China reforçou esta sexta-feira as medidas de vigilância nas fronteiras para evitar a propagação do vírus monkeypox (mpox), obrigando todos os aviões e navios provenientes de zonas afectadas pela doença a cumprir medidas sanitárias.
A Administração Geral das Alfândegas do país asiático decidiu aplicar estas medidas em resposta à declaração de emergência sanitária internacional emitida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), na quarta-feira.
As autoridades chinesas estabeleceram protocolos de rastreio para os viajantes provenientes de regiões com surtos activos da doença. Os novos controlos centram-se na detecção de sintomas como febre, dores de cabeça e erupções cutâneas nos viajantes. Vão ser ainda efectuados controlos sanitários minuciosos aos veículos, contentores e mercadorias provenientes das zonas afectadas.
Estas medidas, que vão estar em vigor durante os próximos seis meses, visam evitar a propagação na China da também chamada “varíola dos macacos”.
A decisão surgiu devido à crescente preocupação mundial com o aumento do número de casos de mpox, especialmente em África, onde foram registados milhares de infecções e centenas de mortes. Até à passada sexta-feira, 13 países em África registaram 17.541 casos e 517 mortes, sendo a República Democrática do Congo o país mais afectado com 16.789 casos e 511 mortes.
Na quarta-feira, as autoridades da Suécia confirmaram uma infecção por uma nova estirpe do mpox, associada ao surto em África. O aparecimento de novas estirpes do vírus, como a recentemente detectada na Suécia, sublinhou a necessidade de uma resposta internacional coordenada, de acordo com as autoridades chinesas.
O primeiro caso de mpox na China foi confirmado em 16 de Setembro de 2022 num paciente que tinha viajado do estrangeiro para Chongqing (sul).
A actual epidemia, que teve origem na RDC, tem características específicas, a começar por um vírus mais contagioso e perigoso. É causada pelo clade 1 e por uma variante ainda mais perigosa, o clade 1b, com uma taxa de mortalidade estimada em 3,6%.
O clade 1b provoca erupções cutâneas em todo o corpo, mais visíveis, ao passo que as estirpes anteriores se caracterizavam por erupções e lesões localizadas na boca, na cara ou nos órgãos genitais.
Esta é a segunda vez em dois anos que a doença infecciosa é considerada uma potencial ameaça para a saúde internacional, um alerta que foi inicialmente levantado em Maio do ano passado, depois de a propagação ter sido contida e a situação ter sido considerada sob controlo.
A nova variante pode ser facilmente transmitida por contacto próximo entre dois indivíduos, incluindo contacto sexual, e é considerada mais perigosa do que a variante de 2022.
Em 2022, uma epidemia mundial propagou-se a uma centena de países onde a doença não era endémica, afectando principalmente homens homossexuais e bissexuais. A epidemia causou cerca de 140 mortos, num total estimado de 90 mil casos.
Antes disso, a doença foi sobretudo detectada em surtos ocasionais na África central e ocidental quando as pessoas entravam em contacto com animais selvagens infectados.
Os países ocidentais contiveram o surto e a disseminação do vírus com a ajuda de vacinas e tratamento aos quais África praticamente não tem acesso.