Presidente do Boavista condenado por assédio sexual a funcionária da SAD

Vitor Murta foi condenado pelo Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) a uma pena de suspensão de seis meses e 2448 euros de multa.

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Vitor Murta foi condenado a uma pena de suspensão de seis meses e 2448 euros de multa PAULO NOVAIS / LUSA
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O presidente do Boavista, Vítor Murta, foi condenado pelo Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) por assédio sexual a uma funcionária da SAD do clube da I Liga, detalhou esta sexta-feira o órgão disciplinar federativo.

"Exercendo um papel de autoridade sobre a ofendida, adoptou quanto à mesma comportamentos ofensivos e discriminatórios em função do género, escolhendo a ofendida, enquanto mulher, como destinatária das suas expressões e alusões grosseiras, e de comportamentos inconvenientes e que importunavam a ofendida, isto por lhe atribuir um papel de género, por a ver como alguém sobre quem, por essa circunstância, poderia exercer os seus poderes e prerrogativas, coisificando a ofendida e ferindo, assim, a sua dignidade", sustentou o CD, no acórdão divulgado no sítio oficial da FPF na Internet.

Na segunda-feira, o órgão disciplinar federativo tinha anunciado uma pena de suspensão de seis meses e 2448 euros de multa a Vítor Murta, que actualmente preside apenas ao clube "axadrezado", por "comportamentos discriminatórios", na sequência de um processo disciplinar instaurado em 3 de Outubro de 2023, quando ainda liderava a SAD do Boavista.

"Durante o período de tempo em que a ofendida trabalhou na Boavista SAD, concretamente entre Setembro de 2019 e meados de Novembro de 2022, o arguido adoptou, designadamente por meio de expressões e alusões grosseiras, comportamentos inconvenientes e que importunavam a ofendida, à data dos factos ainda bastante jovem", explicou o CD, numa decisão passível de recurso para o Conselho de Justiça da FPF ou para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD).

Em causa estão infracções ao artigo 137.º do Regulamento Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), que pune "os dirigentes que tenham comportamentos que atentem contra a dignidade humana, em função da raça, cor, língua, religião, origem étnica, género ou orientação sexual".

A administração da SAD do Boavista repudiou entretanto com veemência os "factos comprovados no processo disciplinar". "Os acontecimentos em questão mancham gravemente a imagem do Boavista, uma instituição com uma longa trajectória de respeito, dedicação ao desporto e compromisso com a comunidade. As infracções relatadas revestem-se de uma gravidade extrema e que violam a dignidade humana, não podendo, sob qualquer circunstância, ser toleradas ou relativizadas", observou a direcção liderada pelo senegalês Fary Faye, em comunicado publicado no sítio oficial das "panteras" na Internet.

"Perante esta situação, a Boavista SAD tomará as medidas necessárias, agindo com a firmeza que a gravidade dos factos exige, e espera que todos, sem excepção, assumam integralmente as suas responsabilidades. O novo Conselho de Administração reafirma o compromisso inabalável de defender a honra e a integridade desta instituição, mantendo sempre como prioridade os valores da ética e do respeito por todos", concluiu a estrutura encabeçada por Fary Faye, sucessor de Vítor Murta na presidência da SAD desde Maio.