Um consórcio que utiliza tecnologia desenvolvida pela agência espacial norte-americana (NASA, na sigla em inglês), apoiado por filantropos como o antigo presidente da Câmara de Nova Iorque, Mike Bloomberg, afirma que vai lançar esta sexta-feira, às 19h20 (hora de Lisboa), o primeiro de uma série de satélites para detectar grandes fugas de metano a partir do espaço. O metano é um gás com efeito de estufa, à semelhança do CO2, sendo por isso um dos alvos principais na luta climática.
O lançamento do primeiro satélite a bordo da missão SpaceX Transporter-11 Rideshare é considerado um marco para a Carbon Mapper Coalition, uma aliança criada em 2021 com o objectivo de detectar e eliminar grandes fugas de metano no planeta. A parceria inclui o Laboratório de Propulsão a Jacto da NASA, a empresa de satélites Planet Labs, a RMI e a Universidade Estadual do Arizona, nos Estados Unidos.
O grupo conta ainda com o apoio financeiro das seguintes fundações: High Tide Foundation, Bloomberg Philanthropies, Grantham Foundation for the Protection of the Environment, Zegar Family Foundation e Children's Investment Fund Foundation.
“Há mais ímpeto do que nunca para agir sobre o clima. Mas a falta de investimento público e privado na monitorização global do metano e do CO2 deixou lacunas que fazem com que muitas emissões não sejam rastreadas e tratadas”, afirmou Richard Lawrence, fundador da High Tide Foundation, num comunicado.
Refinarias e aterros sanitários
O satélite, denominado Tanager-1, deverá ser capaz de detectar fugas de metano oriundas de infra-estruturas como aterros sanitários, instalações industriais e plataformas de exploração de gás, petróleo ou carvão. A tecnologia destina-se a ajudar as indústrias poluentes a encontrar e colmatar as fugas causadas por falhas técnicas ou estruturais. Os dados obtidos pelo satélite estarão disponíveis através de um portal público online.
O Carbon Mapper planeia lançar satélites adicionais que, em conjunto, deverão ser capazes de localizar diariamente até 90% das grandes plumas de metano do mundo. Os cientistas afirmam que a identificação das fontes de metano é crucial para efectuar os cortes drásticos nas emissões necessários para evitar os piores impactos das alterações climáticas. O metano é mais de 80 vezes mais potente do que o dióxido de carbono nos seus primeiros 20 anos na atmosfera.
Os “superemissores”, ou fontes que emitem mais de 100 quilos (220 lb) de metano por hora, contribuem com até 20% a 60% das emissões totais de uma região em alguns sectores, disse o presidente-executivo do Carbon Mapper, Riley Duren.
A SpaceX afirma que vai lançar o satélite a partir da Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia, nos Estados Unidos. A janela de 53 minutos para o lançamento abre-se às 11h20, hora local (19h20 em Portugal).