Investigação à morte de Matthew Perry, da série Friends, resultou em cinco detenções

Assistente pessoal do actor e dois médicos acusados de integrarem uma rede criminosa de distribuição de cetamina.

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Matthew Perry, o Chandler de Friends Reuters/Phil McCarten
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Cinco pessoas foram detidas por alegada responsabilidade na morte, em Outubro passado, do actor Matthew Perry, conhecido pela sua participação na série Friends, anunciou esta quinta-feira o procurador dos Estados Unidos para o distrito judicial da região de Los Angeles, Martin Estrada.

Dois médicos — Salvador Plasencia e Mark Chavez são acusados de se terem abastecido de grandes quantidades de cetamina junto de uma traficante de estupefacientes, Jasveen Sangha, e de terem depois vendido ao actor, cujos problemas de dependência de medicamentos eram públicos, cerca de meia centena de embalagens desta substância anestésica, pelas quais Matthew Perry lhes terá pago dezenas de milhares de dólares.

Plasencia e Chaves contaram com a cumplicidade do assistente pessoal de Matthew Perry, Kenneth Iwamasa, acusado de ter administrado 20 doses de cetamina ao actor só nos quatro dias que precederam a sua morte, aos 54 anos.

Além de Iwamasa, dos dois médicos e da traficante, Jasveen Sangha em cuja residência a polícia foi encontrar um verdadeiro armazém de drogas, incluindo cocaína e metanfetaminas , a polícia deteve também um conhecido de Perry, Erik Fleming, cujo papel na conspiração não é ainda claro.

Os arguidos “aproveitaram-se dos problemas de dependência de Perry para enriquecerem”, afirmou o procurador Martin Estrada. “Sabiam que o que estavam a fazer era errado e representava um grande perigo para Perry, mas fizeram-no na mesma”.

A polícia de Los Angeles e a DEA (Drug Enforcement Administration), o órgão federal responsável pela repressão do narco-tráfico, já tinham anunciado em Maio uma investigação conjunta para descobrir onde o actor conseguira a cetamina e para tentar perceber o motivo pela qual a autópsia indicara valores tão elevados desta substância no organismo, comparáveis aos que seriam de esperar em alguém que tivesse sofrido uma anestesia geral para ser submetido a uma cirurgia.

A investigação “revelou uma ampla rede criminal clandestina responsável pela distribuição de cetamina Mathhew Perry e a outros”, disse agora Martin Estrada. “Esta rede incluía um assistente pessoal, vários intermediários, dois médicos e uma grande fonte de fornecimento de drogas conhecida como, e cito, ‘a rainha da cetamina’.”

Quando o actor foi encontrado morto na banheira da sua casa de Los Angeles, no dia 28 de Outubro de 2023, a sua morte não foi imediatamente tratada como suspeita. Mas o Departamento de Medicina Legal de Los Angeles anunciou em Dezembro que a autópsia revelara níveis surpreendentemente altos de cetamina no sangue.

Soube-se depois que Perry estivera a ser submetido a um tratamento com cetamina para a ansiedade e a depressão, mas este terminara cerca de semana e meia antes da sua morte, e portanto as grandes quantidades desta substância encontradas na autópsia não tinham aparentemente sido prescritas. É aqui que se começam a avolumar as suspeitas e é lançada a investigação conjunta da polícia e da DEA.

Segundo fonte próxima do processo adiantou ao jornal New York Times, as acusações mais graves parecem recair sobre a traficante Jasveen Sangha e o médico Salvador Plasencia, conhecido como “Dr. P”, que responderão por “conspiração para distribui cetamina”; “distribuição de cetamina resultando em morte”; posse com intenção de distribuir metanfetaminas”; e ainda “alteração e falsificação de registos relacionados com uma investigação federal”.

Segundo as autoridades, os vários envolvidos terão tentado apagar os rastos da conspiração, mas sem grande sucesso. Entre as mensagens de telemóvel escritas pelos arguidos, e que integram o processo, conta-se uma troca de SMS em que os dois médicos discutem a possibilidade de arranjar cetamina para vender a Matthew Perry. A dado momento, Salvador Plasencia envia esta mensagem a Mark Chavez: “Gostava de saber quanto é que este imbecil irá pagar… Vamos lá descobrir”.

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