Serviço Nacional de Saúde, a fractura exposta de Frederico Rosa
O autarca do Barreiro Rosa mostra-se inquieto quanto ao futuro do SNS, defende “pactos de regime” e apela a sobressaltos cívicos. Sobressaltados ficamos nós quando assistimos a tamanha desfaçatez.
O presidente da Câmara Municipal do Barreiro, que se tem desdobrado em comunicações sobre o estado do Serviço Nacional de Saúde, voltou a fazê-lo nas páginas deste jornal. Num artigo intitulado “Os problemas do SNS exigem soluções estruturais”, Frederico Rosa mostra-se espantado, inquieto, impotente e, como não podia deixar de ser, defende “pactos de regime” e apela a sobressaltos cívicos. Sobressaltados ficamos nós quando assistimos a tamanha desfaçatez.
É que estamos a falar de um autarca que desde 2017, ano em que subiu ao poder no Barreiro, não tem feito outra coisa senão contribuir para a fragilização do SNS. Foi por sua iniciativa que no Barreiro se entregaram terrenos públicos a um grupo privado pela módica quantia de 5000 euros anuais. Quando a administração do Hospital Nossa Senhora do Rosário, situado no Barreiro, decidiu passar a cobrar pelo acesso ao estacionamento, não só ficou impávido e sereno como ainda apoucou aqueles que se mobilizaram para protestar contra esta medida que torna mais difícil o acesso à saúde. A mesma postura de desconsideração e menorização da luta dos utentes sucedeu sempre que foi desafiado pelos eleitos da CDU nos vários órgãos autárquicos a fazer ouvir a sua voz contra o encerramento de serviços neste mesmo hospital. Sempre, invariavelmente, ausente. Secundado pelos deputados do PS que têm chumbado sem apelo nem agravo a maior parte das moções que a CDU tem apresentado na Assembleia Municipal do Barreiro em defesa do SNS.
Foi assim a 25 de Junho de 2024 e a 5 de Dezembro de 2023 quando apresentámos a moção “Salvar o Serviço Nacional de Saúde – Reforçar o investimento, fixar profissionais, responder às necessidades das populações”, como já tinha sido a 30 de Junho de 2022 quando apresentámos a moção “Pela defesa e reforço do SNS”.
Se nada mudar, diz-nos Frederico Rosa, daqui a um ano voltaremos a ser confrontados com as mesmas notícias. Não podíamos estar mais de acordo. No que toca à degradação do SNS, seja ao nível da falta de financiamento, do desinvestimento e da desvalorização das carreiras e dos salários, ou da promoção do negócio da saúde privada, entre os vários governos PS e o actual, a diferença não é de substância mas sim de ritmo. Onde aqueles trotavam, estes galopam.
Por isso, se há fractura exposta que importa tratar é a da hipocrisia de Frederico Rosa que nada fez quando o PS era governo e agora, à semelhança de muitos outros colaboradores do seu partido, já aparece a defender o que antes dizia ser impossível. E ainda tem o descaramento de afirmar que o objectivo é colocar a saúde dos portugueses acima das agendas políticas e partidárias. Francamente. Haja saúde!
André Carmo
José Luís Ferreira
Susana Ramalho
Deputados municipais eleitos pela CDU no Barreiro