Um morro com gente dentro: Morro da Pena Ventosa, de Rui Couceiro

Neste romance com o Porto como cenário, a velocidade é citadina e a toada poética mistura-se com um realismo cruel.

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A cadência da escrita de Rui Couceiro convida à viagem, ao devaneio
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No início desta saga, uma voz feminina avisa os leitores – e “alguém” a quem ela a relata – de que “lhe falta a coragem de contar o que aconteceu”, ou seja, inicia esta história negando a fórmula “era uma vez”, com que principiam os contos de fadas e deixando um rasto de mistério, de dúvida e incerteza. No entanto, imediatamente a seguir, Beta, Elisabete de Todos os Santos, nome da protagonista, lança-se numa narrativa fluida e torrencial, descrevendo um espaço específico – o Morro da Pena Ventosa – onde irá colocar as personagens que ela observa à lupa, aproximando-as ou pondo-as em confronto, entre lágrimas, risos e suspiros. Beta vive nesse morro de onde a cidade se derrama até ao rio, tal como ela, ao sair de casa, corre ruas abaixo, “para o mundo”.

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