Se passou os últimos dias no Algarve, deve ter reparado que a água do mar está quente como poucas vezes. Segundo dados da Marinha portuguesa, a temperatura da água no Algarve está acima da média dos últimos dez anos. Segundo dados do Serviço de Monitorização do Meio Marinho do Copérnico, na tarde desta quarta-feira, 14 de Agosto, em Faro, era possível mergulhar em águas a 25,7 graus Celsius.
Os dados da Marinha são obtidos através da rede de bóias do sistema integrado de monitorização ambiental do Instituto Hidrográfico (Monizee). A mesma fonte sublinha que, apesar de, nos últimos dias, as temperaturas da água do mar estarem acima da média da última década, ainda não atingiram o máximo histórico: a 28 de Julho de 2016, a bóia de Faro Costeira registou 26,5 graus Celsius.
É na praia do Farol, em Faro, que as temperaturas registadas são mais altas, têm rondado os 26 graus Celsius. Bate certo: foi lá que as águas mais aqueceram nos últimos 30 anos a nível nacional. Segundo disse no início do mês o investigador do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve Paulo Relvas, ao PÚBLICO, o caso da ilha do Farol é “puramente local”.
Mas a tendência pode ser observada noutros locais — na tarde desta quarta-feira, por exemplo, na praia da Fonte da Telha, em Almada, a água atingiu os 26,9º — e não parece estar a ser invertida. Em 2023, o Atlântico Norte teve o Verão mais quente de que há registo e no primeiro semestre deste ano registaram-se temperaturas superiores ao período homólogo do ano anterior.
Batem-se recordes atrás de recordes, o que, neste caso, é problemático. Os especialistas insistem que se não se reduzirem os gases com efeito de estufa na atmosfera, a tendência pode continuar a escalar e tornar-se-á cada vez mais difícil revertê-la.