Salários dão sinais de abrandamento no segundo trimestre

Remunerações médias em Portugal subiram 3,6% em Junho em termos reais comparativamente ao ano anterior, um abrandamento face aos 4,2% que se registavam há três meses.

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Poder de compra dos portugueses tem passado por altos e baixos nos últimos anos Paulo Pimenta
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Interrompendo uma tendência positiva que se registava já há vários meses, os salários declarados em Portugal registaram, no final do segundo trimestre, uma ligeira desaceleração, tanto em termos nominais como reais, num sinal de que, depois da recuperação do poder de compra perdido durante a crise inflacionista, se pode estar a regressar a um período de maior moderação salarial.

De acordo com os dados das remunerações declaradas à Segurança Social publicados nesta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o salário médio bruto total cifrou-se, no passado mês de Junho, nos 1640 euros.

Este valor corresponde, em termos nominais, a um aumento de 6,4% face ao mesmo período do ano passado. Tanto em Maio como no final do primeiro trimestre do ano, esta variação era ligeiramente superior, de 6,5%

Em termos reais (isto é, levando em conta o efeito sobre o poder de compra da inflação), o abrandamento dos salários foi mais evidente, tendo o aumento da remuneração média em Portugal passado de 4,2% em Março para 3,9% em Maio e 3,6% em Junho.

A evolução do poder de compra em Portugal, medida pela evolução do salário médio real declarado à Segurança Social, tem sido marcada, nos últimos anos, por altos e baixos.

Em particular, entre o início de 2022 e o final do primeiro trimestre de 2023, por causa da crise inflacionista severa que assolou a economia mundial, verificaram-se variações negativas acentuadas dos salários dos portugueses em termos reais. Em Novembro de 2022, a queda deste indicador chegou a atingir os 5%.

Depois, a partir de meados de 2023, com o efeito combinado do abrandamento da inflação e dos aumentos salariais postos em prática para fazer face à perda de poder de compra anterior, os salários começaram a subir em termos reais. A variação homóloga máxima atingida, de 4,4%, aconteceu nos meses de Dezembro de 2023 e Janeiro de 2024.

Agora, depois de uma estabilização do indicador, começam a surgir os primeiros sinais de abrandamento. A tendência é comum à generalidade dos países da zona euro e parece responder ao desejo manifestado pelos responsáveis pela política monetária da zona euro, que aconselham uma política salarial moderada como forma de evitar que as empresas repercutam este aumento de custos nos preços praticados.

Os dados do INE revelam que, em Portugal, a variação dos salários é, neste momento, praticamente idêntica no sector privado e público. Por sectores de actividade, aqueles em que os aumentos salariais são mais elevados são os das indústrias extractivas, saúde e transportes, ao passo que os aumentos mais moderados se registaram nos sectores da electricidade, água e actividades financeiras.

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