Incêndio nos arredores de Atenas faz um morto. Ajuda de países europeus a caminho

Centenas de bombeiros continuam a combater incêndio que deflagrou no domingo perto da aldeia de Varnavas, a 35 quilómetros de Atenas. França, Itália e República Checa enviam bombeiros e aeronaves.

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"O fogo reacendeu e aconteceu isto". Habitantes dos arredores de Atenas culpam a falta de meios no terreno Reuters, Joana Bourgard
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O pior incêndio florestal deste ano continua a devastar os arredores da capital da Grécia e já matou pelo menos uma pessoa, embora os ventos mais fracos que se fizeram sentir nas últimas horas e os esforços redobrados ao combate das chamas tenham ajudado a reduzir a intensidade do fogo.

Centenas de bombeiros, apoiados por veículos de combate a incêndios e aviões que bombardeiam água, continuam a combater o incêndio que deflagrou no domingo, perto da aldeia de Varnavas, cerca de 35 quilómetros a norte de Atenas, e incendiou casas, carros e zonas de floresta seca.

Alimentado por ventos fortes, o incêndio saltou de uma zona arborizada e montanhosa para os subúrbios de Atenas na segunda-feira, sufocando a cidade com fumo e cinzas e provocando o pânico em bairros que não viam um incêndio tão de perto há décadas.

Foi em Vrilissia, a cerca de 14 quilómetros do centro de Atenas, que um corpo carbonizado foi encontrado no interior de um edifício comercial. As autoridades acreditam que o corpo pertence a uma mulher de 60 anos que não conseguiu sair a tempo do edifício.

"Em trinta e cinco anos a viver aqui, nunca um incêndio tinha atingido esta área", disse Meletis Makris, de 65 anos, habitante da cidade.

O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, deverá convocar uma reunião com os seus ministros ainda nesta terça-feira, tendo o Governo já anunciado várias medidas de compensação e alívio para aqueles que perderam casas ou propriedades.

Prevê-se que os ventos aumentem novamente no final do dia desta terça-feira e que o país permaneça em alerta máximo de incêndio até quinta-feira, com ventos fortes e temperaturas que podem atingir os 40 graus Celsius. "O quadro geral parece ter melhorado, mas ainda há muitas frentes activas em várias áreas", disse um oficial do corpo de bombeiros à agência Reuters. A origem do incêndio ainda não é conhecida.

Habitantes de Nea Penteli combatem as chamas Reuters

"Este incêndio florestal tinha todas as características que nós bombeiros não queremos que um incêndio florestal tenha. Uma combinação de condições quentes, secas e ventosas", disse Nikos Lavranos, responsável da federação grega de bombeiros. "Foi um fogo extremamente agressivo, difícil de controlar e imprevisível."

Entretanto, a ajuda de vários países europeus, como aFrança, Itália e República Checa, que enviarão aeronaves e bombeiros, já deverá estar a caminho, depois de a Grécia ter activado o Mecanismo de Protecção Civil da União Europeia. Espanha e Turquia também se ofereceram para enviar ajuda.

Os moradores de mais de 30 zonas que estão perto das chamas foram forçados a sair das suas casas. Pelo menos três hospitais da região de Atenas, que sofreram vários cortes de energia, tiveram de ser evacuados. Os ferries de passageiros que se dirigiam para o Porto de Rafina, a nordeste da capital, foram desviados.

Os incêndios florestais têm sido uma característica comum dos Verões gregos nos últimos anos, mas as alterações climáticas trouxeram mais ondas de calor e menos períodos de chuva, condições ideais para incêndios em grande escala. Este ano, o país do Sul da Europa registou o Inverno mais quente de que há registo e estava a caminho do Verão mais quente, com muitas zonas do país a não verem cair chuva durante meses.

O agravamento da situação reflectiu-se em todo o Sul da Europa, incluindo em Espanha e nos Balcãs.

O incêndio florestal está a deixar um rasto de casas abandonadas, carros queimados e campos carbonizados. O jornal local Proto Thema avança que pelo menos cem habitações ficaram inabitáveis e que os danos atingiram uma área de cem quilómetros quadrados. A polícia ajudou a retirar mais de 250 pessoas nas últimas horas e alguns residentes passaram a noite em abrigos.

O Observatório Nacional da Grécia já avançou que as imagens de satélite mostram que o incêndio já danificou cerca de dez mil hectares de terreno. Moradores e bombeiros regressaram a algumas áreas do Norte de Atenas nesta terça-feira para avaliar os danos: cozinhas e salas de estar escurecidas pelo fogo, tectos desabados, carros reduzidos a cinzas.

"A minha casa ficou completamente destruída, até as paredes caíram. Não sobrou nada", disse Sakis Morfis, de 70 anos, morador de Vrilissia. "A única coisa que queria era salvar os meus cães, então deixei tudo para trás."