Incêndios: Fogos rurais quase duplicam em Julho e atingem o valor mais alto de 2024

Segundo os dados provisórios do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), os 1082 incêndios rurais do último mês representam uma subida de cerca de 81% relativamente a Junho.

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Um bombeiro combate um incêndio que deflagrou em Pinhel, na Guarda, 6 de Agosto de 2024 MIGUEL PEREIRA DA SILVA / LUSA
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O número de incêndios rurais atingiu em Julho o valor mais elevado deste ano, com 1.082 ocorrências, quase o dobro face aos 596 incêndios rurais de Junho, e foi também responsável pela maior área ardida do ano.

Segundo os dados provisórios do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), os 1082 incêndios rurais do último mês representam uma subida de cerca de 81% relativamente a Junho, que era até agora o mês com mais ocorrências em 2024, e correspondem a 38% do total (2820) de fogos rurais registado entre Janeiro e Julho deste ano.

Ainda assim, o registo de 1082 incêndios rurais em Julho está muito abaixo da média da década 2014-2023 para o mesmo período e que foi de 2193.

Já ao nível da área ardida, o mês passado foi também o que apresentou valores mais elevados neste ano, com 1.538 hectares afectados pelas chamas, acima dos 949 observados em Junho, e correspondendo a 35% do total de 4425 hectares ardidos em 2024.

Na distribuição da área ardida, os povoamentos foram a área que mais ardeu em Julho, com 732 hectares, seguida dos fogos rurais em matos (475) e zonas agrícolas (331).

Tal como no número de incêndios, também a comparação com a média anual dos últimos 10 anos para este período é favorável a 2024, uma vez que a média de área ardida para Julho era de 18.754 hectares.

De onde vem o fogo?

As estatísticas do ICNF para as causas dos incêndios entre Janeiro e Julho deste ano revelam que o incendiarismo é a causa isolada mais frequente entre as 1975 ocorrências investigadas, sendo responsável por 24% dos incêndios rurais, à frente das queimadas extensivas de sobrantes florestais ou agrícolas (16%).

No entanto, agregando os diferentes tipos de queimadas e usos do fogo alcança-se um total de 42% nas causas de incêndios. Seguem-se os incêndios rurais com origens acidentais (16%), provocados por outras causas não especificadas (12%), os reacendimentos (3%), a realização de fogueiras (2%) e os fogos causados por razões naturais, como a queda de raios (1%).

"Do total de 2.820 incêndios rurais verificados no ano de 2024, 1.975 foram investigados e têm o processo de averiguação de causas concluído (70% do número total de incêndios - responsáveis por 82% da área total ardida). Destes, a investigação permitiu a atribuição de uma causa para 1.464 incêndios (74% dos incêndios investigados - responsáveis por 68% da área total ardida)", lê-se no relatório.

Em termos regionais, os distritos de Porto (429), Viana do Castelo (265) e Braga (239) são aqueles que registam maior número de incêndios rurais em 2024. Contudo, ao nível de área ardida este ano destaca-se o distrito de Viana do Castelo, com 712 hectares, seguido de Beja (697) e de Braga (449).