Incêndio com chamas de 25 metros de altura na Grécia; cidades e hospitais evacuados
Nesta segunda-feira de manhã, o fogo tinha-se propagado para sul e estava a arder em várias frentes, com ventos fortes que mudavam constantemente a direcção das chamas. Três hospitais foram evacuados.
O pior incêndio florestal de 2024 na Grécia atingiu esta segunda-feira os subúrbios de Atenas, obrigando centenas de pessoas a fugirem, enquanto árvores, casas e carros foram sendo queimados, informaram as autoridades gregas.
O Governo grego já pediu ajuda a outros estados-membros da União Europeia, activando o Mecanismo de Protecção Civil da União Europeia, e está à espera de ajuda da França, da Itália, da República Checa com aviões de combate de incêndio e bombeiros. Além disso, também foi oferecida ajuda vinda da Espanha, de Chipre e da Turquia, adiantaram os responsáveis governamentais.
Mais de 700 bombeiros apoiados por voluntários, 190 veículos e 35 aviões de bombardeamento estão a combater o incêndio, que deflagrou às 15h00 (13h, hora de Lisboa) de domingo, perto de Varnavas, a 35 quilómetros a norte da capital.
“A situação mantém-se extremamente difícil”, disse Vassilis Vathrakogiannis, porta-voz dos bombeiros. “Há reacendimentos contínuos, que estão constantemente a criar novos focos de incêndios que se espalham rapidamente, ajudados pelos ventos muito fortes.”
Embora os incêndios de Verão sejam comuns na Grécia, o tempo extraordinariamente quente e seco associado às alterações climáticas tornou estes fenómenos mais frequentes e intensos, segundo os cientistas. “É um incêndio muito grande com um comportamento muito agressivo e com várias frentes. Está muito perto da cidade”, disse Kostas Lagouvardos, director de investigação do Observatório Nacional de Atenas.
Colunas de fumo subiram por cima do horizonte e um cheiro a queimado cobria Atenas. Nesta segunda-feira de manhã, o fogo tinha-se propagado para sul e estava a arder em várias frentes, incluindo a aldeia de Grammatiko, a antiga cidade de Marathon, o município costeiro de Nea Makri e o monte Penteli, a norte de Atenas.
O incêndio atingiu ainda Vrilissia, um município situado a 14 quilómetros do coração da capital. As chamas, que estão a ameaçar blocos de apartamentos, escolas e parques, há duas décadas que não adentravam tanto no perímetro urbano da grande Atenas, adiantaram os bombeiros.
Para já não houve registo de mortes, mas 13 pessoas já foram tratadas pelas equipas de resgate e equipas médicas, e dois bombeiros foram tratados devido a queimaduras, avançou Vassilis Vathrakogiannis. Mais de 30 áreas foram evacuadas, assim como três hospitais. Partes da grande Atenas sofreram cortes de electricidade por causa do incêndio.
“Como um relâmpago”
No domingo à noite, já espessas nuvens de fumo escureciam o céu de Atenas. Horas mais tarde, as chamas aproximavam-se do subúrbio residencial de Dionysos, a cerca de 23km a nordeste do centro da cidade, e de bairros próximos. O incêndio, cujas chamas atingiram 25 metros de altura, propagou-se “como um relâmpago” devido aos ventos fortes, disse no domingo o porta-voz dos bombeiros, Vassilis Vathrakogiannis.
Os aviões de combate a incêndios retomaram as operações na madrugada de segunda-feira, após uma pausa nocturna. A polícia disse ter ajudado a retirar pelo menos 250 pessoas em perigo. “Dói, nós crescemos nesta floresta. Sentimos uma grande tristeza e raiva”, disse à agência Reuters Marina Kalogerakou, de 24 anos, residente em Penteli, no exterior da sua casa, que as chamas quase atingiram.
A norte, no epicentro do incêndio, os bombeiros vão podendo avaliar os danos produzidos pelas chamas: casas abandonas e veículos destruídos pelo fogo, montes enegrecidos, árvores reduzidas a paus. “Estive a construir tudo isto em 30 anos”, disse Vassilis Stroubelis, de 81 anos, à frente da entrada da sua casa, que ficou danificada. “Trinta anos e zás.”
O primeiro-ministro, Kyriakos Mitsotakis, visitou o centro de operações dos bombeiros na segunda-feira de manhã, depois de regressar a correr de uma pausa de férias na ilha de Creta — com as memórias ainda frescas de um incêndio de 2018, que matou 104 pessoas na cidade costeira de Mati, perto da capital.
Desde Maio, que centenas de incêndios florestais deflagraram em toda a Grécia. Após o Inverno mais quente de que há registo e longos períodos de pouca ou nenhuma precipitação, prevê-se que a Grécia registe o Verão mais quente de sempre. O país está em alerta máximo contra incêndios, pelo menos até quinta-feira, com temperaturas previstas que podem chegar até 40 graus Celsius. Os especialistas em meteorologia alertaram para uma “semana muito difícil”.
“Infelizmente, as previsões... confirmaram-se”, disse o ministro da Protecção Civil e da Crise Climática, Vassilis Kikilias, numa declaração transmitida pela televisão.
Notícia actualizada às 18h45.