Supremo Tribunal da Venezuela diz que a oposição não apresentou “material eleitoral”

As únicas actas eleitorais entregues à Suprema Corte foram as da autoridade eleitoral do país, que no entanto, nunca as divulgou. O adversário Edmundo González não compareceu por risco de ser preso.

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Maduro no tribunal supremo, na sexta-feira, condenou a ausência do adversário Edmundo González Prensa Miraflores HANDOUT / EPA
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A Suprema Corte da Venezuela disse no sábado que não recebeu provas da coligação de oposição nas disputadas eleições presidenciais de 28 de Julho e advertiu que sua decisão de determinar o vencedor seria definitiva.

A autoridade eleitoral do país sul-americano, que a oposição afirma ser leal ao Presidente Nicolás Maduro, declarou que este tinha sido reeleito, enquanto a oposição argumenta que o seu candidato, Edmundo González, ganhou. O Conselho Nacional Eleitoral não divulgou, no entanto, as actas detalhadas do escrutínio e o seu sítio Web está fora do ar desde as primeiras horas do dia 29 de Julho.

A oposição publicou online a contagem dos votos, que mostra que González recebeu o dobro dos votos de Maduro. Na Venezuela, as máquinas de voto imprimem três cópias dos registos de votação para a autoridade eleitoral, o partido no poder e o seu opositor.

Maduro recorreu ao Supremo Tribunal na semana passada para verificar os resultados eleitorais, o que levou o tribunal a convocar todos os candidatos que concorreram.

González não compareceu, dizendo que correria o risco de ser preso se fosse. Os membros da oposição que compareceram pressionaram a autoridade eleitoral a divulgar os seus boletins de voto, e a coligação já tinha dito anteriormente que tinha os seus boletins de voto guardados em segurança.

"Os membros da Plataforma Unitária (coligação da oposição) não apresentaram qualquer material eleitoral" ao tribunal, declarou a juíza Caryslia Rodriguez aos jornalistas e diplomatas no sábado. O tribunal recebeu as contagens de votos de Maduro e do órgão eleitoral, disse Rodriguez.

O juiz afirmou que, uma vez concluída a investigação eleitoral, a decisão do tribunal será "inapelável e o seu cumprimento será obrigatório".

O Brasil, a Colômbia e o México publicaram uma declaração conjunta na quinta-feira pedindo que o órgão eleitoral apresentasse publicamente uma contagem detalhada dos votos e disse que a Suprema Corte não era a solução para o assunto. Outras nações latino-americanas, bem como os Estados Unidos, rejeitaram a vitória de Maduro. As nações aliadas Rússia e China felicitaram-no.