Biden diz que desistiu para evitar ser “distracção” na campanha democrata
O Presidente dos EUA rejeitou ter qualquer problema sério de saúde e sublinha o perigo da reeleição do ex-Presidente dos EUA Donald Trump.
O Presidente dos Estados Unidos Joe Biden afirmou numa entrevista ao programa CBS Sunday Morning que desistiu da candidatura às eleições presidenciais de Novembro deste ano para evitar ser uma "verdadeira distracção" para o Partido Democrata, que escolheu Kamala Harris para substituir o actual presidente.
Naquela que é a primeira entrevista de Biden desde que desistiu da candidatura no passado mês de Julho, o Presidente dos Estados Unidos afirmou não ter nenhum problema "sério" de saúde e apontou a derrota de Donald Trump, o antecessor de Biden que se está a recandidatar ao cargo pelo Partido Republicano.
Sobre o debate que levantou preocupações sobre a sua capacidade mental, Biden revelou que teve "um dia muito, muito mau" porque estava "doente", afastando no entanto quaisquer problemas de maior gravidade.
O democrata acrescentou que alguns colegas seus "na Câmara dos Representantes e no Senado" acharam que, se ele se mantivesse na corrida presidencial, isso iria prejudicar as suas próprias campanhas, o que levou Biden a admitir que a pressão interna do Partido Democrata foi a principal razão para desistir.
"Estava preocupado que, se me mantivesse na corrida, o tópico fosse esse", disse Biden. E exemplificou, dirigindo-se ao jornalista da CBS: "[Nesse caso] Estaria a entrevistar-me sobre o que disse Nancy Pelosi (que se opôs a que Biden se mantivesse na corrida) e eu achei que seria uma verdadeira distracção."
A derrota de Trump é, para Joe Biden, algo fundamental pelo "perigo genuíno para a segurança americana" que o ex-Presidente representa. Por essa razão, o democrata assegurou que estas eleições são um "ponto de inflexão" para os próximos anos.
Comentando a dupla de candidatos Kamala Harris e Tim Walz, Biden afirmou que são uma "equipa fantástica".
"Falo com [Harris] frequentemente e, já agora, sei que o seu companheiro de candidatura é um tipo fantástico. Como costumamos dizer, se tivéssemos crescido no mesmo bairro, teríamos sido amigos. Ele é o meu tipo de homem. É real, é inteligente. Conheço-o há várias décadas", disse.
Sobre o que o motivou na candidatura à Presidência em 2020, o Presidente norte-americano lembrou as violentas manifestações de supremacistas brancos de extrema-direita na cidade de Charlottesville em 2017.
"Todas as outras vezes que o Ku Klux Klan (KKK) esteve envolvido, eles usaram capuzes para não serem identificados", afirmou, relevando que, durante a Presidência de Trump, os membros do KKK "saíram do seu esconderijo sem capuzes, sabendo que tinham um aliado. É assim que eu leio. Eles sabiam que tinham um aliado na Casa Branca. E ele deu um passo em frente por eles", acrescentou.
Na entrevista, Biden disse ainda que quer ser lembrado por mostrar que a "democracia americana funciona".
"Tirou-nos de uma pandemia. Produziu a maior recuperação económica da história americana. Somos a economia mais poderosa do mundo. Temos mais para fazer. E demonstrou que podemos unir a nação", afirmou, sublinhando que o seu único erro foi "não ter posto cartazes a dizer 'Joe did it'".