Atletas pedem apoios, mas Comité Olímpico diz que financiamento público é suficiente

Pedro Pichardo, Filipa Martins, Rui Oliveira ou Iúri Leitão foram alguns dos atletas que pediram mais apoio às modalidades. O COP defende que o que existe “é suficiente”.

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Marco Alves e José Manuel Araújo na conferência de imprensa em Paris HUGO DELGADO / LUSA
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Acabou neste domingo a participação portuguesa nos Jogos Olímpicos e o Comité Olímpico de Portugal (COP) prestou-se a um balanço, em Paris. Entre elogios aos atletas, à imprensa que esteve em Paris e ao Governo, ficou uma dúvida: como assim, elogios ao Governo?

Após as provas, os atletas olímpicos têm-se desdobrado em críticas ao Governo por falta de apoios – fizeram-no os que tiveram bons resultados e os que tiveram desempenhos menos fortes. Pedro Pichardo, Filipa Martins, Rui Oliveira, Iúri Leitão, Diogo Ribeiro e Maria Martins foram atletas que criticaram as condições dadas aos atletas. E mesmo que não o tivessem feito em Paris, é uma retórica recorrente em grande parte das entrevistas que dão.

Questionado sobre como se explica a dissonância entre os atletas e o COP, o organismo olímpico foi claro: “Embora possa haver algumas observações de atletas sobre determinados momentos, o que sentimos é que eles, em geral, reconhecem que o apoio que recebem do COP no âmbito do contrato-programa com o Governo é significativo para o seu alto rendimento. Ao dizer isto estou a dizer também que o que vem do Governo para o COP distribuir é, a nosso ver, suficiente”, apontou José Manuel Araújo, secretário-geral do COP.

E detalhou: “Pode ser mais? Claro que pode. Temos de ter espírito de reivindicação e de procurar mais. E os resultados positivos ajudam-nos a explicar isso ao Governo. É verdade que todos temos algo mais a pedir, mas não vemos como reivindicação na lógica de 'não temos o suficiente', mas sim na lógica de 'queremos mais porque queremos dar mais ao país'. Não temos uma visão negativa, mas sim positiva de impulso ao financiamento”.

Diversificar mais do que apostar em nichos

Questionado sobre se a médio/longo prazo faria mais sentido diversificar as modalidades com representação olímpica ou apostar num nicho, como fez o ciclismo de pista com o complexo de Sangalhos, o COP começou por dizer que “não há uma receita” infalível, mas acabou por reconhecer que a prioridade deve ser mais variedade.

“Na minha opinião, termos mais modalidades é termos mais referências, mais atletas e um desporto melhor”, apontou Marco Alves, chefe de missão, numa visão assinada por José Manuel Araújo: “Mais modalidades é importante para nós”.

O dirigente apontou ainda que as federações que tenham projectos, como a de ciclismo teve com Sangalhos, podem e devem apresentá-los. Não será, portanto, o COP a comandar um apoio a um nicho específico, mas vai entrar no processo das federações que avançarem nesse sentido.

“O COP está aberto a que todas as federações tenham um planeamento e nós podermos concretizar esse apoio. A lógica é o COP estar com 35 modalidades olímpicas e estar disponível para que federações que tenham projectos de qualidade possam avançar”.

Mais mulheres do que homens

No que diz respeito a resultados, o COP não quis falar apenas de medalhas, mas assumiu que, a esse nível, o objectivo foi cumprido: quatro medalhas conquistadas.

Apesar de o número de diplomas ter ficado abaixo do estipulado – um a menos –, Marco Alves, chefe de missão, destacou que todas as outras metas foram alcançadas ou superadas.

E destacou a forte presença de estreantes e mulheres. “O facto de termos mais de 50% dos atletas estreantes nesta edição dos Jogos deve ser realçado”, apontou, acrescentando: “Esta missão foi representada por mais atletas femininas do que atletas masculinos. É um virar de página também neste capítulo”.

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