Rússia impõe “medidas antiterroristas” em três regiões na fronteira com a Ucrânia

Ao quinto dia da ofensiva ucraniana na região de Kursk, autoridades russas retiram 76 mil pessoas e enviam reforços para deter avanço das forças de Kiev.

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A Rússia enviou mais soldados e equipamento militar para a região de Kursk RUSSIAN DEFENCE MINISTRY HANDOUT / EPA
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Mais de 76 mil pessoas foram retiradas das áreas que fazem fronteira com a Ucrânia na região russa de Kursk, informaram este sábado as autoridades locais de emergência, numa altura em que a ofensiva ucraniana em território da Rússia, a maior desde o início da guerra, não dá sinais de abrandar.

As dificuldades das defesas russas para conter a incursão do Exército ucraniano, que terá penetrado pelo menos 20 km na região de Kursk, levaram Moscovo a adoptar o que classificou como “medidas antiterroristas” em três regiões fronteiriças do país. Para além de Kursk, também Belgorod e Bryansk foram abrangidas pelas medidas, que permitem restringir a circulação de pessoas e veículos e utilizar escutas telefónicas.

“O regime de Kiev fez uma tentativa sem precedentes para desestabilizar a situação em várias regiões do nosso país", afirmou o Comité Nacional Antiterrorismo da Rússia numa declaração a justificar uma operação que, diz, visa “garantir a segurança dos cidadãos e acabar com a ameaça de actos terroristas”.

Para tentar deter o avanço ucraniano e prevenir que outras zonas fronteiriças possam também vir a ser alvo de ataques, Moscovo enviou um reforço de efectivos e equipamento militar para as regiões, incluindo tanques, lançadores de rockets e unidades de aviação.

As forças ucranianas irromperam pela fronteira russa na manhã de terça-feira e varreram algumas partes ocidentais da região russa de Kursk, um ataque surpresa que pode ter como objectivo obter vantagem em possíveis negociações de cessar-fogo.

Com o apoio de enxames de drones e fogo de artilharia pesada, as unidades ucranianas moveram-se rapidamente para ocupar um pedaço do território russo junto à fronteira, enquanto unidades de sabotagem penetraram mais profundamente dentro da Rússia, de acordo com relatos publicados por bloggers militares russos.

“As Forças Armadas continuam a repelir a tentativa de invasão das forças ucranianas” afirmou este sábado o Ministério da Defesa russo, acrescentando que os combates mais intensos se concentraram em torno de Malaya Loknya, Olgovka e Ivashkovskoye, povoações situadas entre 10 a 20 km da fronteira com a Ucrânia.

Bloggers militares russos escreveram este sábado que a situação estabilizou depois de a Rússia ter enviado tropa suplementar para travar o avanço ucraniano, embora tenham afirmado também que Kiev estava a aumentar rapidamente as suas forças.

“Está em curso uma operação militar em grande escala contra um inimigo muito sério que não é certamente idiota”, disse Yuri Podolyaka, um popular blogger militar pró-russo, nascido na Ucrânia.

Noutra frente de guerra, no Sul, a marinha e os serviços secretos militares ucranianos atacaram e danificaram uma antiga plataforma de gás offshore utilizada pelas forças russas no mar Negro, informou este sábado o porta-voz da marinha ucraniana.

“Os ocupantes usaram este local para falsificação de sinais de GPS para tornar a navegação civil perigosa. Não podemos permitir que isto aconteça”, declarou Dmytro Pletenchuk no Facebook.

Mesmo sob pressão no seu próprio território, a Rússia continua a lançar ataques aéreos sobre a Ucrânia. Na sexta-feira, um bombardeamento que atingiu um supermercado na cidade ucraniana de Kostiantinivka (Leste) causou pelo menos uma dezena de mortes e 35 feridos, um ataque condenado pela União Europeia.

“A Rússia voltou a atacar civis ucranianos, atacando um movimentado supermercado em Kostyantynivka, na região de Donetsk. Apoiamos a responsabilização por este e outros crimes de guerra russos”, disse o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, numa nota na rede social X.

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