Queda de avião no Brasil: atraso no embarque salvou a vida a grupo de passageiros

Vários passageiros foram impedidos de embarcar no voo da Voepass por terem chegado tarde ao aeroporto de Cascavel.

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Imagens capturadas por drone dos destroços do avião que caiu em São Paulo Carla Carniel / REUTERS
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Um grupo de passageiros que não conseguiu embarcar no voo da Voepass que caiu esta sexta-feira em Vinhedo, na região de São Paulo, estava atónito no aeroporto de Cascavel enquanto tentava entender a situação que lhes salvou a vida.

Com destino a Guarulhos, na Grande São Paulo, a aeronave descolou no final da manhã com 61 pessoas - quatro delas tripulantes - e caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, a 80 km da capital estadual. A companhia aérea confirmou que todos morreram.

Ainda pela manhã, José Felipe Araújo Lima, 21 anos, entrou em desespero quando foi impedido de embarcar, junto com outros colegas, no voo para Guarulhos. Longe de casa há sete meses, ele voaria para Pastos Bons, no Maranhão, para visitar a família e passar o domingo ao lado do pai, Sebastião Pereira Lima.

“Eu iria embarcar, o problema foi que cheguei em cima do voo. Discuti para entrar no voo, 'Me ajeita, eu tenho passagem comprada', mas disseram-me que poderia remarcar a passagem”, diz.

Quando recebeu a notícia da queda da aeronave, ficou em choque. Ele trabalha em Cascavel, mas reside no Maranhão. “Eu fiquei paralisado, fiquei em choque na hora. Já comecei a agradecer a Deus. Pedi desculpa pela minha atitude, abracei ele [o funcionário da companhia].

Já Adriano Assis, do Rio de Janeiro, encontrou a área de embarque da Latam fechada quando chegou ao aeroporto. Segundo a empresa, os voos são comercializados pela Latam, mas a aeronave, a estrutura, a operação e o pessoal são da Voepass.

A administração do aeroporto de Cascavel informou que “uma operação padrão de emergência regida pela equipa do aeroporto está em curso para entrar em contacto com as famílias de possíveis vítimas".

Com a voz embargada, Assis disse à TV Globo que tinha ido a Toledo, cidade a 50 km de Cascavel, a trabalho. Mas quando descobriu o engano, também já era tarde para embarcar. Chegou a discutir com um funcionário da companhia, que, nas suas palavras, acabou por salvar a sua vida.

“Se ele não tivesse feito o trabalho dele, talvez eu não estivesse nessa entrevista aqui.” Adriano tentava comunicar por telefone com a família, para avisar que não tinha conseguido embarcar no voo.

“O pessoal avisou que o avião tinha caído, ainda disse ‘pô, cara, deve ser livramento de Deus, que o avião pode cair’, num momento de raiva. Esse rapaz, nem sei ainda o nome dele, salvou a minha vida."

O avião, de porte médio, perdeu 3.300 metros de altitude em menos de um minuto a partir das 13h21, segundo o site Flight Aware, que monitoriza voos em tempo real.

A aeronave caiu na área aberta de uma casa num condomínio residencial no bairro Capela, mas não há informações de vítimas no solo afectadas pelo acidente. “Eu entrei em pânico, não sabia para onde correr, o que fazer. Ele estava em cima de mim. Na minha cabeça, ele ia cair aqui. Era um avião muito grande. Não tinha para onde correr, pensei que ia morrer”, disse Odair Simões, 48 anos, que viu o momento da queda.

Exclusivo PÚBLICO/Folha de S. Paulo

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