Irão já tem material para “algumas armas nucleares, se quiser”, diz agência dos EUA
Aumentam as preocupações com o programa nuclear iraniano, numa altura em que se espera “a qualquer segundo” uma retalização do país a Israel.
A directora da comunidade dos serviços de informação dos EUA divulgou na sexta-feira uma nota em que afirma que o Irão “já produziu material nuclear suficiente para algumas bombas”. “O Irão empreendeu actividades que o colocam em melhor posição para produzir dispositivos nucleares, se assim o decidir”, informou Avril Haines, citada pelo canal World is One News (WION).
A informação chega num momento em que se espera uma retaliação do Irão contra Israel pelo assassínio do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, na passada semana, em Teerão, onde se encontrava como convidado para a tomada de posse do novo Presidente, Masoud Pezeshkian. Uma retaliação que o próprio regime iraniano confirma poder acontecer “a qualquer segundo”, nas palavras do embaixador do Irão em Portugal.
“Haverá uma resposta [feedback] nesta questão. Quando, onde e como não sei […] a qualquer segundo”, afirmou Seyed Majid Tafreshi em entrevista à RTP. “Quando somos alvo de um ataque temos de fazer algo. A outra parte deve compreender que somos suficientemente poderosos”, justificou. Questionado sobre o tipo de armas que poderão ser usadas nesse ataque, afirmou que “serão convencionais”: “Normalmente somos contra armas de destruição maciça. O Médio Oriente precisa de paz”.
Este sábado, o novo Presidente do Irão, Masoud Pezeshkian, anunciou ter reconduzido Mohammad Eslami como chefe da Organização de Energia Atómica do país, informou a imprensa estatal, citada pela Reuters. "Devido à sua valiosa experiência de gestão, nomeio-o vice-presidente e diretor da Organização da Energia Atómica", declarou o Presidente Masoud Pezeshkian no anúncio da sua nomeação.
O Wall Street Journal (WSJ) também noticia este sábado que o Irão está mais bem posicionado para lançar um programa de armas nucleares, segundo uma nova avaliação dos serviços secretos dos EUA. “Os serviços de informações dos Estados Unidos continuam a acreditar que o Irão não está actualmente a trabalhar na construção de um engenho nuclear, disse um funcionário americano ao WSJ.
As novas informações sobre os esforços nucleares do Irão surgem numa altura crítica, em que o Irão já produziu combustível nuclear altamente enriquecido suficiente para algumas armas nucleares. Mas o WSJ sublinha que não há provas de que o Ayatollah Ali Khamenei, líder supremo do Irão, esteja a considerar a possibilidade de retomar o programa de armas nucleares do seu país, que, segundo os serviços secretos dos EUA, foi em grande parte suspenso.
No entanto, têm vindo a crescer as preocupações da comunidade internacional sobre os desenvolvimentos desse programa. Em Fevereiro, um relatório confidencial da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) alertou que o Irão aumentou significativamente as suas reservas de urânio enriquecido nos últimos meses, prosseguindo a sua escalada nuclear, apesar de negar querer adquirir a bomba atómica.
Em Junho, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que o Irão tem capacidade para produzir material físsil para uma arma nuclear dentro de "uma ou duas semanas”.
"A situação actual não é boa. O Irão, devido ao fim do acordo nuclear, em vez de estar a pelo menos um ano de ter a capacidade de produzir material físsil [capaz de sustentar uma reacção em cadeia da fissão nuclear] para uma arma nuclear, está agora provavelmente a uma ou duas semanas de o conseguir fazer", disse Blinken, que discursava no Fórum de Segurança em Aspen, no Colorado.