Liga diz que fecho de urgências aumenta nível de dificuldades dos bombeiros

António Nunes lembra que encerramentos implicam o transporte de doentes ou sinistrados para zonas mais longínquas das áreas normais de acção e isso cria constrangimentos logísticos.

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Antonio Nunes, presidente da Liga Portuguesa dos Bombeiros (LPB), diz que não se pode "aceitar a situação como uma fatalidade" Matilde Fieschi
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O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), António Nunes, afirmou esta sexta-feira que o encerramento de urgências hospitalares aumenta o nível de dificuldades dos bombeiros que têm de mobilizar meios adicionais para responder aos pedidos de emergência.

"Cada vez que um serviço de urgência local encerra - seja um encerramento total, seja um encerramento de uma especialidade, como cirurgia, ortopedia ou traumatologia - aumenta o nível de dificuldade dos bombeiros", disse à agência Lusa António Nunes, na véspera de mais um fim-de-semana em que está previsto o fecho no sábado de sete urgências de Ginecologia e Obstetrícia, e de oito no domingo, de acordo com as escalas que se podem consultar aqui.

O presidente da LBP explicou que estas situações implicam que os bombeiros transportem "os doentes ou sinistrados para zonas mais longínquas das áreas normais de acção e isso cria constrangimentos do ponto de vista logístico", nomeadamente haver meios disponíveis para actuar na sua região.

Cria também, por vezes, problemas de gestão de recursos humanos, uma vez que não existindo uma ambulância disponível por estar hipotecada num transporte urgente é necessário mobilizar meios adicionais, salientou.

"Tudo isso leva a que haja um forte constrangimento em algumas situações e noutros casos a pequenas perturbações que tentamos, na medida do possível, colmatar (...) para poder corresponder às solicitações de emergência que se coloquem em cada momento", adiantou António Nunes.

O responsável referiu que os bombeiros não têm "um conhecimento exacto" das causas do encerramento de urgências ou da suspensão temporária de uma especialidade dentro de uma urgência hospitalar e, por isso, não podem apontar o que pode ser feito para resolver a situação, mas defendeu que não se pode "aceitar a situação como uma fatalidade".

"Nós temos que enfrentar estas situações que são cíclicas, não são de hoje", mas "temos que as resolver", defendeu.

António Nunes salientou que as medidas para a resolução destas situações têm que ser tomadas pela área da saúde, mas frisou que não se pode deixar que "essas situações contaminem o trabalho desenvolvido pelos corpos de bombeiros, pelas associações humanitárias, pelos próprios bombeiros ao serviço das populações".

Segundo as Escalas de Urgência publicadas no Portal do SNS, às 12h30 de hoje está previsto na região de Lisboa e Vale do Tejo que no sábado estejam abertas nove urgências de Obstetrícia e Ginecologia e no domingo são sete.

No sábado, vão estar fechadas seis urgências destas especialidades e no domingo serão seis.

Assim, no sábado estão fechadas estas urgências dos hospitais Garcia de Orta, em Almada, São Bernardo, em Setúbal, Hospital Santa Maria (Obstetrícia), Hospital Vila Franca de Xira, Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, aos quais se junta no domingo o hospital das Caldas da Rainha.

No Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, este serviço de urgência está referenciado, ou seja, encontra-se apenas reservado às urgências internas e aos casos referenciados pelo CODU e INEM e pela linha SNS 24.

Na região Centro, encontra-se fechada até dia 19 a Urgência de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital de Santo André, em Leiria, e no Algarve está encerrada a urgência de Ginecologia de Portimão.

No fim-de-semana vão também estar encerradas as urgências pediátricas no Hospital de Chaves, no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, e no Hospital Nossa Senhora do Rosário - Barreiro (apenas no domingo).

No Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) e no Serviço de Atendimento Complementar de Pediatria do Hospital de Viseu as urgências vão estar referenciadas.