Governo português exige libertação “imediata” de ex-governador luso-venezuelano
Dávila Barrios foi detido “de modo arbitrário e com saúde precária”, segundo descreve MNE. Outros dois luso-venezuelanos estão detidos devido à sua participação em manifestações.
O Governo português exigiu esta sexta-feira às autoridades venezuelanas "a libertação imediata e incondicional de Williams Dávila Barrios, político da oposição e ex-Governador do Estado de Merida, com nacionalidade portuguesa".
Numa declaração na rede social X, o ministro dos Negócios Estrangeiros português afirma que "Portugal insiste na libertação dos opositores políticos detidos, na garantia da liberdade de manifestação política e na transparência democrática, em contacto estreito com os Estados da região e com os parceiros da UE".
No texto, Paulo Rangel afirma que Dávila Barrios foi detido quinta-feira, "de modo arbitrário e com saúde precária".
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas disse à Lusa que dois luso-venezuelanos se encontram detidos na Venezuela devido à sua participação em manifestações contra Nicolás Maduro, estando o Governo português a acompanhar o caso.
“Trata-se de um homem e uma mulher que foram detidos durante esta semana, quando participavam em actos que o regime considera ilegais”, afirmou José Cesário. Os detidos têm nacionalidade venezuelana e portuguesa, sendo, para já, os únicos detidos de que o Governo tem conhecimento.
Entretanto, fonte familiar disse à Lusa que foi detido um outro luso-venezuelano, um jovem que se encontra numa estrutura policial na localidade de Puerto Cabello, estado de Carabobo (centro-norte do país), depois de ter sido apanhado pela polícia, juntamente com outras pessoas, durante uma manifestação pacífica de contestação aos resultados das eleições presidenciais de 28 de Julho.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de luso-descendentes, vive uma crise eleitoral após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter atribuído a vitória a Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e diversos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as actas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.